São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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ONGs querem perdão à dívida dos pobres

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes do comercial, o social. Essa é a bandeira empunhada pelo Fórum da Sociedade Civil, que começa hoje, em São Paulo, e vai até a próxima quinta-feira.
O evento acontece simultaneamente à 11ª Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e reúne cerca de 200 ONGs (organizações não-governamentais) e movimentos da sociedade civil de todos os continentes.
Chamados pejorativamente de "ongueiros", os representantes dessas entidades querem apresentar suas posições sobre a situação do comércio mundial e seus impactos no desenvolvimento econômico e social dos países em desenvolvimento.
A pauta de reivindicações tem oito itens, que vão da "democratização dos processos decisórios no sistema multilateral de comércio" ao "cancelamento da dívida externa dos países em desenvolvimento e dos mais pobres".
"Queremos fomentar a discussão de temas sociais a partir do desenvolvimento", afirma Glayson dos Santos, da Faces do Brasil (Fórum de Articulação do Comércio Ético e Solidário do Brasil). "Se não houver mudança de caminho no comércio mundial, teremos um impacto no comércio nacional catastrófico", acredita Santos.
Para Iara Pietricovsky, da Rebrip (Rede Brasileira pela Integração dos Povos), "a Unctad é a única instância que vem fazendo crítica efetiva ao livre-comércio". Por isso, ela destaca a importância do evento em contraposição à OMC (Organização Mundial do Comércio). "A OMC trata os desiguais como se fossem iguais."
Apesar de elogiar a atuação da Unctad, o Fórum da Sociedade Civil não a apóia de forma irrestrita. "Esse consenso deriva do fato de a Unctad ser a única instituição dessa governança global que faz uma crítica consistente ao modelo de hegemonia de mercado conforme se configura hoje o cenário macroeconômico internacional", destaca o texto distribuído ontem.
Pietricovsky observa que a participação da sociedade civil na Unctad "é muito superficial e formal; nossa capacidade de influência é reduzida".
Para compensar a falta de poder nas decisões oficiais, ela diz que "haverá manifestações públicas nas ruas". Na segunda-feira está prevista a marcha contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), organizada pela Coordenação de Movimentos Sociais. À noite, haverá o lançamento do Fórum Social Mundial 2005, que será realizado em Porto Alegre, de 26 a 31 de janeiro.
Amanhã, o Fórum finaliza a Declaração da Sociedade Civil Internacional. O documento será entregue à Unctad. As presenças de maior destaque são a do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, que visita o Fórum no domingo, e a do presidente Lula, que estará presente na terça-feira.


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