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ONGs querem perdão à dívida dos pobres
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes do comercial, o social. Essa é a bandeira empunhada pelo
Fórum da Sociedade Civil, que começa hoje, em São Paulo, e vai até
a próxima quinta-feira.
O evento acontece simultaneamente à 11ª Unctad (Conferência
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e reúne
cerca de 200 ONGs (organizações
não-governamentais) e movimentos da sociedade civil de todos os continentes.
Chamados pejorativamente de
"ongueiros", os representantes
dessas entidades querem apresentar suas posições sobre a situação do comércio mundial e seus
impactos no desenvolvimento
econômico e social dos países em
desenvolvimento.
A pauta de reivindicações tem
oito itens, que vão da "democratização dos processos decisórios no
sistema multilateral de comércio"
ao "cancelamento da dívida externa dos países em desenvolvimento e dos mais pobres".
"Queremos fomentar a discussão de temas sociais a partir do
desenvolvimento", afirma Glayson dos Santos, da Faces do Brasil
(Fórum de Articulação do Comércio Ético e Solidário do Brasil). "Se não houver mudança de
caminho no comércio mundial,
teremos um impacto no comércio
nacional catastrófico", acredita
Santos.
Para Iara Pietricovsky, da Rebrip (Rede Brasileira pela Integração dos Povos), "a Unctad é a única instância que vem fazendo crítica efetiva ao livre-comércio".
Por isso, ela destaca a importância
do evento em contraposição à
OMC (Organização Mundial do
Comércio). "A OMC trata os desiguais como se fossem iguais."
Apesar de elogiar a atuação da
Unctad, o Fórum da Sociedade
Civil não a apóia de forma irrestrita. "Esse consenso deriva do fato
de a Unctad ser a única instituição
dessa governança global que faz
uma crítica consistente ao modelo de hegemonia de mercado conforme se configura hoje o cenário
macroeconômico internacional",
destaca o texto distribuído ontem.
Pietricovsky observa que a participação da sociedade civil na
Unctad "é muito superficial e formal; nossa capacidade de influência é reduzida".
Para compensar a falta de poder
nas decisões oficiais, ela diz que
"haverá manifestações públicas
nas ruas". Na segunda-feira está
prevista a marcha contra a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas), organizada pela Coordenação de Movimentos Sociais.
À noite, haverá o lançamento do
Fórum Social Mundial 2005, que
será realizado em Porto Alegre, de
26 a 31 de janeiro.
Amanhã, o Fórum finaliza a Declaração da Sociedade Civil Internacional. O documento será entregue à Unctad. As presenças de
maior destaque são a do secretário-geral da ONU (Organização
das Nações Unidas), Kofi Annan,
que visita o Fórum no domingo, e
a do presidente Lula, que estará
presente na terça-feira.
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