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LUÍS NASSIF
Uma campanha sem plataformas
Com o próximo governo, o máximo que se pode ter é a taxa de juros menor e um BC menos cabeça-de-planilha
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AFINAL O QUE o que será um segundo governo Lula? O que
seria um primeiro governo
Alckmin? Não sei -e pelo visto ninguém sabe.
Nos últimos 15 anos, as formas de
gestão avançaram muito. Primeiro,
os sistemas ISO de certificação, uma
espécie da velha Organização & Métodos com grife. Da ISO se evoluiu
para o TCQ (método japonês de
qualidade total) e para outras metodologias sofisticadas como o "Seis
Sigmas". As empresas já estão superando essa etapa e entrando no planejamento estratégico.
E o governo? Hoje em dia, todos os
países bem-sucedidos montaram
seu planejamento estratégico. E por
tal não se entenda apenas definir
dois ou três setores como prioritários e conferir algumas benesses.
O planejamento estratégico não é
uma mera formulação de objetivos.
Aliás, o estado de Sergipe -mencionado nesta semana em coluna do
deputado Antonio Delfim Netto- é
um exemplo notável de que, com
idéias claras, identificação de ações
estruturantes, interação entre secretarias, pode se avançar fantasticamente. Em apenas quatro anos, o
Estado saiu de quinto pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)
do Nordeste, para o primeiro IDH.
Em 30 anos de marketing, o pacto
cearense não logrou melhorar em
quase nada o IDH do Estado.
Não se trata de tarefa simples.
Passa, primeiro, por uma redefinição da própria estrutura gerencial
do Estado. Política habitacional tem
de estar casada com política de saúde, saneamento, política de emprego, políticas de renda. Se não for possível redesenhar o ministério, tem
que se pensar em criar blocos de ministérios, trabalhando sob uma
coordenação única. Depois, o caminho passa pela definição clara e precisa das ações estruturantes -aquelas com maior impacto para atingir o
objetivo almejado. A partir dessas
definições iniciais, passa-se para o
detalhamento das medidas, as ações
efetivas, os indicadores de acompanhamento, os investimentos a serem feitos, os estímulos fiscais, a
coordenação de esforços com agentes de dentro e fora do governo.
Qual candidato tem esse conjunto
de propostas articuladas para apresentar? A discussão econômica fica
nesse infindável jogo de clichês entre Lula "ninguém fez tanto pelo povo como eu", e Alckmin "vim para
chacoalhar as estruturas".
O mundo está andando de avião a
jato e, por aqui, se continua nessa
lengalenga de montar toda uma
campanha presidencial em cima de
clichês, sem um mínimo de apresentação estruturada de fins e de meios.
O máximo que o país pode ambicionar com o próximo governo é ter um
Banco Central menos cabeça-de-planilha e uma taxa de juros um
pouco menor. E, a exemplo do início
dos anos 50, já existem estudos e
diagnósticos em abundância, à disposição do primeiro estadista que
conseguir ocupar a Presidência.
Centros de excelência
Aproveitando as facilidades da internet e do e-mail, solicito aos leitores
que tenham estudado os seguintes temas que me enviem trabalhos e estudos para consolidação e publicação na
coluna: SUS, segurança pública, saneamento, integração da América Latina, gestão e planejamento públicos.
Blog: www.luisnassif.com.br
Luisnassif@uol.com.br
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