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Mantega quer aperto fiscal de longo prazo
Ministro defende que LDO estabeleça meta de superávit primário de 4,25% do PIB por um período de quatro anos
Objetivo é evitar pressão por
gastos em época de eleição;
neste ano, porém, governo
já adotou várias medidas
que vão elevar despesas
SHEILA D'AMORIM
ENVIADA ESPECIAL A SÃO PETERSBURGO
A fim de evitar pressões por
gastos públicos em períodos
eleitorais que possam comprometer o controle das contas públicas, o ministro Guido Mantega (Fazenda) quer que a LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias) estabeleça o superávit primário de 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto) como meta
obrigatória de longo prazo.
Atualmente, explicou, o compromisso com um determinado patamar de ajuste fiscal explícito na LDO vale apenas para
o ano seguinte da sua aprovação pelo Congresso. Com isso,
no caso brasileiro, apesar de o
documento citar também valores para períodos seguintes,
não há uma obrigação de que
eles sejam atingidos.
"Fizemos sugestões na LDO
até 2009. O que é obrigatório é
só 2007. Poderia haver metas já
decididas para 2008, 2009 ou
mais." A LDO, que precisa ser
aprovada anualmente pelo
Congresso, define regras a serem seguidas na elaboração do
Orçamento -também submetido aos congressistas.
A proposta de Mantega, que
no comando da área econômica
cedeu a várias pressões por aumento de gastos neste ano, foi
apresentada em São Petersburgo, onde participou de reunião
de ministros da Fazenda dos oitos países mais industrializados do mundo e a Rússia (G8),
da qual o Brasil e outros países
são convidados.
Segundo Mantega, a proposta já poderia ser incluída na votação da LDO para o ano que
vem, que está em tramitação no
Congresso. Ele disse que o patamar de 4,25% do PIB é considerado suficiente.
"Para elaborar a LDO, fizemos simulações levando em
consideração um superávit primário para dar sustentabilidade à dívida e permitir uma redução. A projeção que obtivemos foi 4,25% do PIB. É uma
projeção perfeita", enfatizou,
ao ressaltar que outra equipe
pode pensar diferente.
"Isso é nossa opinião", afirmou, ao observar que levará o
assunto para o presidente Lula.
"Ainda não discuti isso no governo. O que falei é que, para
garantir que o processo eleitoral não venha desfazer essas
políticas, tivéssemos um horizonte de médio prazo que poderia ser o tempo de um novo
mandato ou até um pouco
maior. Não chegamos a detalhar qual seria esse tempo."
No Brasil, o ministro é criticado justamente por ser visto
como um defensor de aumento
das despesas do governo. Sua
indicação para substituir Antonio Palocci Filho na Fazenda
levou investidores e especialistas financeiros a interpretar como uma sinalização de que o
governo estava afrouxando o rígido controle fiscal implementado até então.
Desde que ele assumiu o comando da equipe econômica,
no início da abril, as pressões
por novos gastos se intensificaram, e o governo, num ano eleitoral, tem cedido a pedidos de
mais verbas feito por alguns setores, como os agricultores. No
entanto, Mantega defende que
isso não está comprometendo a
austeridade fiscal.
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