São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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Denise Abreu diz que provará denúncias hoje

ADRIANO CEOLIN
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto a oposição aposta nas declarações da ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu sobre as supostas irregularidades na compra da Varig pela VarigLog, o governo vai tentar desconstruir a versão dela com argumentos jurídicos.
Os depoimentos de Denise e mais quatro integrantes da Anac estão marcados para hoje, às 9h, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. O principal alvo é a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, acusada de favorecer o fundo americano Matlin Patterson no negócio.
Ameaçando apresentar uma série de documentos que comprovariam suas denúncias, Abreu pediu segurança especial ao presidente da comissão, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), durante o trajeto do aeroporto de Brasília até o Senado.
A ex-diretora da Anac disse que temia pelo extravio dos documentos que pretende apresentar. Ela pediu ainda "um carro grande" para levar várias caixas de papéis.
"A discussão é técnica, vou mostrar todos os documentos que tenho relacionados ao caso", afirmou Abreu. Questionada se poderia fazer novas declarações perante os senadores, ela faz suspense: "Vai depender das perguntas deles. Trouxe muitos documentos".
Questionada ontem pela Folha, a Casa Civil informou, por meio da assessoria de imprensa que não encontrou registro de reunião de Dilma com Denise Abreu ou Roberto Teixeira, advogado da Matlin Patterson, em abril de 2006, como apontava a ex-diretora da Anac.

Estratégia governista
Ex-presidente da Anac e ligado politicamente à chefe da Casa Civil, Milton Zuanazzi confirmou sua presença quase no fim da tarde de ontem. De acordo com Perillo, ele também solicitou segurança especial à comissão por temer por sua "integridade física".
Ontem, ao longo de todo o dia, governistas e oposicionistas mantiveram reuniões para definir suas estratégias. Os integrantes da base aliada encontraram-se no Palácio do Planalto, onde foram municiados pelo ministro das Relações Institucionais, José Múcio.
Os senadores ouviram uma espécie de passo-a-passo de todo o procedimento que culminou na venda da Varig. Estavam presentes, entre outros, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Ideli Salvatti (PT-SC), Aloizio Mercadante (PT-SP), Renato Casagrande (PSB-ES) e Wellington Salgado (PMDB-MG).
"Fomos municiados com toda cronologia do processo. Amanhã [hoje], a Casa Civil deverá nos passar uma espécie de apostila com mais informações", disse Casagrande.
O líder do governo na Casa, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o governo vai concentrar suas forças nos argumentos jurídicos. "Tudo o que aconteceu no processo foi amparado por decisões judiciais", disse. "Denise Abreu, no máximo, atuou como coadjuvante", afirmou.
Além de Zuanazzi e Abreu, confiram presença João Ilídio de Lima (ex-procurador-geral da Anac) e Leur Leomanto (ex-diretora da Anac).


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