São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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CRISE NO VIZINHO

Governador de Santa Fé era aposta de Duhalde contra Menem

Reutemann desiste de Presidência

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O governador de Santa Fé, Carlos Reutemann, anunciou ontem que desistiu de ser pré-candidato à Presidência pelo Partido Justicialista (peronista, do presidente Eduardo Duhalde) e abriu caminho para o retorno do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) ao cargo.
A desistência do governador representa uma reviravolta completa no cenário eleitoral argentino. Reutemann, que antes de entrar para a vida política foi piloto de F-1, era a maior esperança do PJ, o maior partido argentino, nas eleições de 30 de março.
Segundo pesquisa do Ibope divulgada neste fim de semana, o governador venceria com facilidade todos os outros pré-candidatos peronistas -inclusive Menem- em novembro, na eleição prévia para a escolha do candidato do partido. Depois, o governador também ganharia a eleição presidencial em dois turnos.
A desistência de Reutemann beneficia diretamente a Menem, que agora se torna favorito para representar o partido na eleição.
Outros pré-candidatos peronistas beneficiados são o ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá (dezembro de 2001), o governador Néstor Kirchner (Santa Cruz) e o empresário Mauricio Macri. Os três, que ganharam maior espaço no partido com a desistência de Reutemann, também analisam a possibilidade de se filiarem a outras agremiações políticas para levar adiante as candidaturas.
Na oposição, quem comemorou foi a deputada Elisa Carrió, da ARI (Alternativa por uma República de Iguais). Segundo pesquisas, o único candidato capaz de derrotar Carrió nas próximas eleições seria Reutemann.
Já o grande perdedor é o presidente Eduardo Duhalde, que costurava uma grande aliança dentro do partido para apoiar Reutemann. Além de acreditar nas chances do governador, Duhalde também tentava bloquear o retorno triunfal de Menem, seu maior rival peronista.

Motivos
Reutemann não foi claro ao explicar os motivos da desistência em declarações feitas na Casa Rosada (sede do governo federal).
Após garantir por mais de cinco vezes que tratava-se uma decisão definitiva, Reutemann afirmou que "sempre disse que não era candidato a nada", apesar de também sempre admitir que avaliava a participação na próxima eleição.
O governador disse apenas que não abandonou a corrida presidencial por "medo" de enfrentar Menem, que foi seu padrinho político no começo da década de 90 durante a campanha para sua primeira eleição ao governo da Província de Santa Fé.
Para a analista político Hugo Haime, o governador realmente não desistiu porque estava preocupado com a possibilidade de perder a eleição, mas sim com o fato de não ter as condições de governabilidade necessárias para tirar a Argentina da crise após a posse.
Haime, que se reuniu com Reutemann na segunda-feira, em Santa Fé, disse que Duhalde não foi capaz de resolver os principais problemas argentinos. Com isso, o próximo presidente terá um novo período de transição.



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