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OUTRO LADO
Mantega diz que empresas já estão se recuperando
DA REPORTAGEM LOCAL
Atualmente, a rentabilidade
do setor produtivo no Brasil
supera o retorno de aplicações
financeiras. A afirmação é do
ministro do Planejamento,
Guido Mantega. Segundo ele,
nos últimos nove anos, "houve
um exagero de juros que desestimulou o investimento produtivo no Brasil". "Mas isso não
serve para 2004", diz.
De acordo com Mantega, a
rentabilidade real (descontada
a inflação) dos fundos DI hoje é
cerca de 7% ao ano. "No ano
passado, a rentabilidade sobre
o patrimônio líquido das 500
maiores empresas em operação no país foi de 12,4%. Isso
para 2003, que foi um ano
ruim. Agora em 2004, com o
PIB crescendo, essa rentabilidade será ainda maior", prevê.
Mas ele ressalta que, nessa
conta, estão incluídas as empresas financeiras. "De qualquer forma, os números mostram que é conveniente fazer
investimento produtivo", diz.
É essa relação, para Mantega,
que já provoca aumento de investimentos no país. "A rentabilidade no Brasil ainda não é
satisfatória, mas, no patamar
em que nos encontramos, [o
investimento produtivo] é
mais rentável do que o mercado financeiro", afirma.
Dados da Economática revelam que, nos 12 meses encerrados em março deste ano, as
empresas de capital aberto
não-financeiras tiveram rentabilidade média de 13,3%. No
mesmo período, o retorno dos
fundos DI (descontado o IR)
foi de 16,95%.
Ou seja, ao contrário da percepção do ministro, o investimento empresarial ainda perdia para o retorno financeiro
no início deste ano.
Quando fala de rentabilidade
financeira, Mantega cita dados
deflacionados, conta que é criticada por contadores ouvidos
pela Folha.
Apesar disso, os dados da
Economática revelam que
Mantega está certo ao dizer que
tem havido recuperação dos
ganhos produtivos. A rentabilidade das empresas em 2003 e
nos últimos 12 meses terminados em março foram as mais
altas dos últimos nove anos
pesquisados pela Economática.
De acordo com o ministro,
"hoje há demanda para a criação de fundos de pensão que
vão fazer investimentos na área
produtiva".
Ele afirma que as condições
para aumentar investimentos
na produção no país estão dadas. "O marco regulatório do
setor elétrico está sendo finalizado, tanto que estão sendo
criados fundos de investimento apenas para esse setor. O
marco do saneamento está
saindo do forno, o que também
deverá estimular investimentos, e a Lei de Falências foi
aprovada na Câmara e no Senado", declara.
Quanto à elevada carga tributária no país, Mantega defende
que, em alguns setores, como
bens de capital, ela está sendo
reduzida.
"Mas o equilíbrio fiscal é necessário e tem que ser considerado neste momento", afirma o
ministro.
(MP e EF)
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