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Paraguai apóia Brasil em sobretaxa à China
País vizinho concorda em aumentar tarifa de 20% para 35% para calçados e vestuário; Argentina já aceitou e falta só o Uruguai
Para começar a vigorar, a
elevação da TEC não precisa
de nova reunião de cúpula
do Mercosul; basta reunião
eletrônica dos chanceleres
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governo brasileiro está a
um passo de obter a elevação da
TEC (Tarifa Externa Comum
do Mercosul) para calçados, tecidos e vestuário importados
da China. Após encontro com a
indústria brasileira, o Paraguai
concordou com a questão dos
calçados e confecções.
Os têxteis serão discutidos
durante novo encontro bilateral na semana que vem, ainda
sem data definida. O país vizinho, porém, já concedeu ao
Brasil uma permissão especial
que permite só ao Brasil elevar
a tarifa de importação para tecidos chineses dos atuais 20%
para 35%, segundo empresários nacionais. Ao contrário da
TEC, que é concedida a todos
os países do bloco, o waiver só
eleva as taxas brasileiras.
Para entrar em vigor, a elevação da TEC não precisa aguardar nova reunião de cúpula do
Mercosul, basta uma reunião
eletrônica dos chanceleres.
Já a permissão para o waiver
é necessária porque Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina integram uma união aduaneira e
concordaram em cobrar uma
tarifa comum.
Vencida a resistência do Paraguai, será a vez de uma equipe de técnicos do governo e
uma delegação de empresários
brasileiros negociarem o tema
com o Uruguai. O debate será
técnico, e não político, já que os
uruguaios adotaram medidas
de apoio à sua indústria e querem avaliar o impacto da TEC.
Na prática, o aumento da tarifa de importação representa a
adoção de medidas protecionistas pelo Mercosul, uma
questão delicada enquanto o
Brasil reclama na OMC (Organização Mundial do Comércio)
dos subsídios concedidos por
países industrializados.
Resistência
A oposição do Paraguai só foi
apresentada aos demais países
do Mercosul durante reunião
de cúpula do bloco, há duas semanas, em Assunção, capital do
país vizinho. Na ocasião, Paraguai e Uruguai bloquearam a
entrada em vigor de uma TEC
de 35% para calçados e têxteis,
por motivos diferentes.
Para dirimir as dúvidas paraguaias, o Brasil promoveu uma
reunião bilateral anteontem
em Assunção, com a participação da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção) e da Abicalçados
(Associação Brasileira das Indústrias de Calçados). Do vizinho, participou a Uipa (União
Industrial Paraguaia).
Segundo um empresário brasileiro ouvido ontem pela Folha, o governo do país vizinho
solicitou compensação pela
elevação da TEC, que poderia
ser a instalação de unidades industriais brasileiras no Paraguai como forma de equilibrar a
balança comercial, na qual o
Brasil teve superávit de US$
937,7 milhões em 2006.
O interesse paraguaio na
questão também se explica pelo alto volume de importação
de tecidos chineses, segundo a
avaliação feita ontem pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan
Ramalho.
Em entrevista concedida ontem durante a Francal (Feira
Internacional de Calçados),
Ramalho também disse que haverá uma nova rodada de negociação com o Paraguai na semana que vem para esclarecer a
necessidade de elevação da
TEC para os têxteis.
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