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Gasto com pessoal pode ter regra afrouxada
Governo quer elevar limite de aumento de despesas com funcionalismo de 1,5% real ao ano para índice atrelado ao PIB
Equipe econômica avalia
que teto era pequeno para
acomodar reajustes e que é
preciso reestruturar carreiras
para fazer PAC deslanchar
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante das resistências no
Congresso Nacional e dos entraves à execução de obras
prioritárias, a área econômica
do governo deverá afrouxar as
regras que tentam conter o aumento dos gastos da União com
pessoal nos próximos anos.
Entre as medidas fiscais necessárias para garantir os investimentos prometidos pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento), o
governo incluiu projeto de lei
complementar estabelecendo
que as despesas com o funcionalismo público teriam crescimento real limitado a 1,5% ao
ano. Assim, sobrariam mais recursos para investir em obras.
No entanto, o limite, que era
considerado pequeno para acomodar, até mesmo, os reajustes
já anunciados ao longo de 2007,
ficou mais apertado com as
pressões recentes por aumentos salariais de algumas categorias e, principalmente, depois
da avaliação do governo de que
é preciso reestruturar carreiras
para fazer o PAC deslanchar.
Por isso, a equipe econômica
finaliza nova versão do projeto
em tramitação no Congresso. A
proposta é trocar o percentual
de aumento real anual de 1,5%
por um índice atrelado à expansão do PIB. Além disso, estuda-se mudar a base sobre a qual incidirá o novo valor.
Na regra anterior, o parâmetro era o gasto com pessoal de
2006, com alguns ajustes. Agora, o que está em discussão é
considerar a despesa efetiva de
2007, sem nenhuma exceção, e
permitir que esse valor tenha
aumento real ano a ano abaixo
do crescimento verificado na
economia. Assim, no longo prazo, a relação entre esses gastos
e o PIB irá cair.
Os técnicos da área econômica ainda não bateram o martelo
no percentual exato, mas já admitem que a proposta dos parlamentares de tomar como referência pelo menos metade do
crescimento do PIB "é um bom
começo de conversa". O valor
final dependerá dos novos reajustes e contratações que terão
que ser acomodadas neste ano.
Prioridade
Segundo a Folha apurou, o
governo concluiu que, sem
reestruturar carreiras na área
de infra-estrutura, corre o risco
de ficar com dinheiro em caixa
por falta de projetos e pessoal
para fazer as obras do PAC saírem do papel. A equipe econômica já listou os ministérios de
Minas e Energia, Transportes e
Cidades como prioridade para
concessão de reajustes e contratação de pessoal por considerá-los pilares do PAC.
O alvo, na avaliação dos técnicos do governo, deverão ser
os servidores enquadrados no
Plano de Cargos do Poder Executivo (PGPE) com nível superior. Avaliação preliminar
identificou que, nessa área, estão as maiores deficiências salariais e as carreiras específicas
que o governo precisa para fazer o PAC andar, como engenheiros e economistas. Pelos
dados do Planejamento, os servidores do PGPE somam 55,1
mil, sendo que a grande maioria tem nível superior.
A idéia do governo é fazer um
realinhamento dessas carreiras
em 2007 e, depois do impacto
gerado no gasto total com pagamento dos servidores, aplicar a nova regra para limitar o
crescimento da folha salarial
nos próximos anos.
Nas últimas semanas, o assunto tomou conta das reuniões da área econômica. A
pressão por reajustes cresce a
cada dia e, por isso, o próprio
Lula deverá falar com os ministros das áreas que não serão
contempladas para determinar
que eles evitem "rebeliões". A
área social, por exemplo, é considerada uma que já teve realinhamento salarial satisfatório.
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