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VIZINHO EM CRISE
Ministro quer aumentos segmentados
Pressionada, Argentina já admite rever o congelamento de tarifas
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O governo da Argentina já admite que poderá autorizar um
reajuste das tarifas dos serviços
públicos -água, energia elétrica
e gás-, congeladas desde janeiro
de 2002. O tema tem sido uma das
principais divergências entre o
governo e as empresas que administram esses serviços -a maioria das companhias estrangeiras
que compraram concessões durante as privatizações, na década
de 90. A revisão de preços também é exigência do FMI (Fundo
Monetário Internacional) para fechar um novo acordo com o país.
A possibilidade foi confirmada
pelo ministro da Planificação Federal (corresponde ao do Planejamento no Brasil), Julio de Vido.
Em encontro com empresários, o
ministro disse que um reajuste é
possível, desde que sejam fixadas
regras para proteger os mais pobres e as empresas de menor porte. "Haverá uma tarifa segmentada, que contemple setores beneficiados e prejudicados", disse. Segundo ele, a "tarifa social" beneficiaria 30% dos usuários.
O objetivo é cobrar mais das
empresas que mantiveram os níveis de rentabilidade após a depreciação do peso e dos consumidores de maior renda. O principal
alvo serão as companhias exportadoras, beneficiadas pela queda
do peso. Pequenas e médias empresas e os consumidores de classe baixa pagarão menos. O governo também pretende promover
um reajuste escalonado, a fim de
reduzir o impacto na inflação.
A intenção de autorizar um reajuste de tarifas significa, mesmo
indiretamente, que a Argentina já
começou a ceder às pressões. Na
semana passada, a UE encaminhou ao país uma carta em que
pedia a revisão do congelamento.
Na carta, a UE diz que a medida
"desestimula investimentos" e
prejudica as empresas do setor.
As empresas também alertam
para o risco de desabastecimento
nos setores de energia, água e gás.
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