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INVESTIMENTOS
Impasse entre governo e oposição adia discussões no Senado; votação corre risco de ficar para depois das eleições
PPP sai da pauta de prioridades do Congresso
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Anunciado pelo governo como
fundamental para a expansão dos
investimentos, o projeto que cria
as PPPs (Parcerias Público-Privadas) saiu da pauta do esforço concentrado do Senado e corre o risco de não ser votado antes das
eleições municipais de outubro.
A decisão foi tomada ontem
após reuniões entre governistas e
líderes da oposição no Senado
-onde a base do Planalto é frágil
e as discussões foram contaminadas pela polêmica em torno da
CPI do Banestado e das acusações
contra os presidentes do Banco
Central e do Banco do Brasil.
Segundo o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), após
encontro com a oposição, "o governo está disposto a negociar" alterações para apressar a tramitação do projeto, que ainda terá de
voltar à Câmara.
O líder do PFL, Agripino Maia
(RN), porém, disse que é "infantilidade" esperar uma votação antes das eleições. "As PPPs serão
votadas quando servirem ao país,
e não ao interesse imediatista do
governo", reforçou Arthur Virgílio, líder do PSDB.
As PPPs permitirão associações
entre governo e empresas para investimentos, particularmente em
obras de infra-estrutura, para as
quais os recursos públicos são insuficientes. Para pefelistas e tucanos, o texto do projeto abre caminho para o clientelismo e a expansão da dívida pública.
Segundo esse raciocínio, as regras propostas pelo Planalto permitem a escolha de parceiros na
iniciativa privada sem os critérios
mais rígidos da Lei de Licitações,
além de criar uma brecha para
driblar os atuais limites de endividamento do setor público.
Tasso Jereissatti (PSDB-CE)
também defendeu que sejam estabelecidas restrições para a atuação do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) e dos fundos de pensão
nos empreendimentos a serem
conduzidos na forma de PPP, por
serem entidades controladas direta ou indiretamente pelo governo.
Desgaste
O governo concordou em alterar o projeto, mas o entendimento foi prejudicado pelo desgaste
com a oposição na CPI do Banestado -ontem, o deputado
Eduardo Valverde (PT-RO) pediu
a convocação do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e do
ex-ministro do Planejamento e da
Saúde, José Serra, hoje candidato
à Prefeitura de São Paulo.
Após o encontro com Aldo Rebelo, os líderes do PFL e do PSDB
se reuniram com o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP),
e novamente a discussão sobre as
PPPs se misturou com o conflito
político. Na saída, Mercadante
confirmou o adiamento da votação do texto, ressalvando apenas
que "não precisa ser após as eleições." Na prática, como o projeto
ainda tem de voltar à Câmara em
razão das modificações a serem
introduzidas pelos senadores, são
remotas as chances de as PPPs virarem lei ainda neste ano.
As PPPs estão entre as prioridades da agenda legislativa da equipe econômica, ao lado da nova Lei
de Falências e do projeto que regulamenta as agências reguladoras, que tramitam na Câmara. Os
três textos, de orientação liberal,
têm o objetivo de dar maior segurança aos investidores, o que, em
tese, favorece um crescimento
econômico mais duradouro.
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