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Mercado do luxo cresce 33% ao ano no Brasil
RAYMOND COLLITT
DO "FINANCIAL TIMES"
A curta distância de algumas
das favelas mais pobres e violentas do mundo, consumidores bebem champanhe e observam os
mais recentes anéis de diamantes
importados em uma sofisticada
joalheria. No elegante bairro dos
Jardins, em São Paulo, todos os
espaços vêm sendo ocupados por
lojas internacionais de artigos de
luxo, em um boom que está conquistando a maior economia da
América do Sul.
"O Brasil vem sendo o mais
consistente dos mercados de rápido crescimento; para nós está entre os dez maiores do mundo", diz
Freddy Rabbat, diretor-executivo
da Mont Blanc, fabricante suíça
de canetas.
A economia cresceu apenas
1,5% ao ano nos últimos cinco
anos, em média. Mas o mercado
de produtos de luxo vem crescendo 33% anualmente, em termos
reais, de acordo com a MCF, uma
consultoria de produtos de luxo.
Um dos motivos é que os artigos
de luxo importados eram proibidos até 1993, e a alta sociedade
brasileira estava acostumada a
comprar suas calças de marca e
seus relógios de ouro no exterior.
Os hábitos vêm mudando lentamente, e muitas marcas só recentemente se tornaram disponíveis.
Mas agora os brasileiros estão
recuperando o atraso e esbanjando como nunca. "As pessoas costumavam enlouquecer nas compras em Nova York ou em Paris.
Agora, encontram luxo em casa",
diz Laura Pedroso, gerente-geral
da Tiffany no Brasil.
A ascensão de Luiz Inácio Lula
da Silva, o primeiro operário a
conquistar a Presidência, não fez
muito para moderar a capacidade
ou o desejo dos ricos de consumir
de modo extravagante.
Enquanto o ex-líder sindical
lançava uma campanha para
combater a fome e a desigualdade, o crescimento no número de
milionários do país ultrapassava
de longe o ritmo da economia.
Durante seu primeiro ano no
governo, o número de pessoas
com patrimônios elevados subiu
em 5%, para 80 mil, de acordo
com o "World Wealth Report
2004", compilado pelo Merrill
Lynch e pela Capgemini.
"Havia preocupações quanto a
riscos para esse mercado no governo Lula, mas os consumidores
equipados de muita vaidade e dinheiro não deixam de comprar
bens de luxo só porque um cidadão comum está no governo",
disse Francisco Longo, presidente
da Ferrari no Brasil, que prevê
crescimento de 40% neste ano.
Não são apenas os muito ricos
que estimulam as vendas de canetas douradas e braceletes de diamantes. "Há uma classe média
com aspirações elevadas, mesmo
que sua renda tenha caído", afirma Carlos Ferreirinha, presidente
da consultoria MCF.
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