São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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Mercado do luxo cresce 33% ao ano no Brasil

RAYMOND COLLITT
DO "FINANCIAL TIMES"

A curta distância de algumas das favelas mais pobres e violentas do mundo, consumidores bebem champanhe e observam os mais recentes anéis de diamantes importados em uma sofisticada joalheria. No elegante bairro dos Jardins, em São Paulo, todos os espaços vêm sendo ocupados por lojas internacionais de artigos de luxo, em um boom que está conquistando a maior economia da América do Sul.
"O Brasil vem sendo o mais consistente dos mercados de rápido crescimento; para nós está entre os dez maiores do mundo", diz Freddy Rabbat, diretor-executivo da Mont Blanc, fabricante suíça de canetas.
A economia cresceu apenas 1,5% ao ano nos últimos cinco anos, em média. Mas o mercado de produtos de luxo vem crescendo 33% anualmente, em termos reais, de acordo com a MCF, uma consultoria de produtos de luxo.
Um dos motivos é que os artigos de luxo importados eram proibidos até 1993, e a alta sociedade brasileira estava acostumada a comprar suas calças de marca e seus relógios de ouro no exterior.
Os hábitos vêm mudando lentamente, e muitas marcas só recentemente se tornaram disponíveis.
Mas agora os brasileiros estão recuperando o atraso e esbanjando como nunca. "As pessoas costumavam enlouquecer nas compras em Nova York ou em Paris. Agora, encontram luxo em casa", diz Laura Pedroso, gerente-geral da Tiffany no Brasil.
A ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro operário a conquistar a Presidência, não fez muito para moderar a capacidade ou o desejo dos ricos de consumir de modo extravagante.
Enquanto o ex-líder sindical lançava uma campanha para combater a fome e a desigualdade, o crescimento no número de milionários do país ultrapassava de longe o ritmo da economia.
Durante seu primeiro ano no governo, o número de pessoas com patrimônios elevados subiu em 5%, para 80 mil, de acordo com o "World Wealth Report 2004", compilado pelo Merrill Lynch e pela Capgemini.
"Havia preocupações quanto a riscos para esse mercado no governo Lula, mas os consumidores equipados de muita vaidade e dinheiro não deixam de comprar bens de luxo só porque um cidadão comum está no governo", disse Francisco Longo, presidente da Ferrari no Brasil, que prevê crescimento de 40% neste ano.
Não são apenas os muito ricos que estimulam as vendas de canetas douradas e braceletes de diamantes. "Há uma classe média com aspirações elevadas, mesmo que sua renda tenha caído", afirma Carlos Ferreirinha, presidente da consultoria MCF.


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