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EXUBERÂNCIA NACIONAL
Com forte demanda internacional e reajuste de preços, mineradora contabiliza R$ 5,1 bi no 1º semestre
Lucro da Vale se iguala a Bradesco e Itaú juntos
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro da Vale do Rio Doce no
primeiro semestre, de R$ 5,094 bilhões, é o maior da temporada de
balanços e praticamente se equivale à soma dos resultados obtidos por Bradesco e o Itaú. Juntos,
os dois maiores bancos privados
do país lucraram R$ 5,096 bilhões
no período. O resultado da Vale,
uma das três maiores exportadoras brasileiras, ao lado de Petrobras e Embraer, é 93,2% superior
ao obtido no primeiro semestre
do ano passado.
Demanda internacional aquecida -os embarques de minério de
ferro e pelotas cresceram 11,2%
em relação ao primeiro semestre
do ano passado- e forte reajuste
de preços compensaram de longe
a queda do dólar. Enquanto a
moeda perdeu 12% do seu valor
ante o real no primeiro semestre,
os preços internacionais do minério de ferro foram reajustados em
71% a partir de abril.
Por conta desses dois fatores, a
receita operacional bruta da companhia aumentou 28,6% no semestre, em comparação com
igual período do ano passado, totalizando R$ 17,104 bilhões.
O impacto do aumento dos preços é mais visível na comparação
das receitas obtidas no primeiro
trimestre do ano -quando vigoravam os preços velhos- com as
do segundo trimestre, segundo
Jorge Simino, sócio-diretor da MS
Consult. Elas saltaram de R$ 7,052
bilhões para R$ 10,052 bilhões de
um trimestre para o outro.
"As receitas ainda não revelam
o efeito completo do reajuste, pois
pelo menos durante um mês do
segundo trimestre os embarques
foram feitos com o preço antigo",
acrescenta Simino. Segundo ele, o
impacto deverá vir "cheio" no balanço do terceiro trimestre.
O lucro líquido da companhia
também saltou sob o efeito dos
novos preços, ao passar de R$
1,614 bilhão no primeiro trimestre
para R$ 3,479 bilhões no segundo.
A margem de lucro também
cresceu de um trimestre para o
outro. A margem Ebit (lucro antes de despesas financeiras e impostos em relação à receita operacional líquida), que no primeiro
trimestre foi de 35,3%, chegou a
49,8% no segundo trimestre. "Esse é o lucro da atividade da empresa", diz Simino. No semestre, a
margem Ebit ficou em 43,8%.
Cade
O balanço da Vale foi divulgado
durante o julgamento do Cade sobre o pedido de extinção do contrato de preferência assinado entre a empresa e a CSN que dava à
mineradora a prioridade na compra de minério da Casa de Pedra,
da CSN.
Independentemente do Cade,
diz Simino, a decisão não afetará
os próximos resultados da empresa. "A Vale deve ter no ano entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões de
lucro", estima. Segundo ele, pode
ocorrer pequena desaceleração na
demanda internacional, mas a
empresa tem contratos fechados
para um ano, e os preços atuais vigoram até março do ano que vem.
Além disso, o efeito negativo do
câmbio não deverá se repetir no
segundo semestre. "Não se espera
uma desvalorização tão forte do
dólar. Ao contrário, as projeções
são de recuperação do câmbio até
o final do ano", diz Simino.
Os reajustes de preço são contratuais, e acompanham o ano fiscal japonês, que se encerra em
abril. Os preços valem para todas
as mineradoras do planeta -três,
a Vale entre elas, detêm 70% do
mercado global.
As exportações responderam
por 54% das receitas da Vale no
primeiro semestre. As vendas para a Europa representaram 28,4%
das receitas, e, as para a Ásia,
25,6% (a China contribuiu com
11,5%). O mercado local também
tem peso: 23,9% das receitas vieram do país.
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