São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Com forte demanda internacional e reajuste de preços, mineradora contabiliza R$ 5,1 bi no 1º semestre

Lucro da Vale se iguala a Bradesco e Itaú juntos

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro da Vale do Rio Doce no primeiro semestre, de R$ 5,094 bilhões, é o maior da temporada de balanços e praticamente se equivale à soma dos resultados obtidos por Bradesco e o Itaú. Juntos, os dois maiores bancos privados do país lucraram R$ 5,096 bilhões no período. O resultado da Vale, uma das três maiores exportadoras brasileiras, ao lado de Petrobras e Embraer, é 93,2% superior ao obtido no primeiro semestre do ano passado.
Demanda internacional aquecida -os embarques de minério de ferro e pelotas cresceram 11,2% em relação ao primeiro semestre do ano passado- e forte reajuste de preços compensaram de longe a queda do dólar. Enquanto a moeda perdeu 12% do seu valor ante o real no primeiro semestre, os preços internacionais do minério de ferro foram reajustados em 71% a partir de abril.
Por conta desses dois fatores, a receita operacional bruta da companhia aumentou 28,6% no semestre, em comparação com igual período do ano passado, totalizando R$ 17,104 bilhões.
O impacto do aumento dos preços é mais visível na comparação das receitas obtidas no primeiro trimestre do ano -quando vigoravam os preços velhos- com as do segundo trimestre, segundo Jorge Simino, sócio-diretor da MS Consult. Elas saltaram de R$ 7,052 bilhões para R$ 10,052 bilhões de um trimestre para o outro.
"As receitas ainda não revelam o efeito completo do reajuste, pois pelo menos durante um mês do segundo trimestre os embarques foram feitos com o preço antigo", acrescenta Simino. Segundo ele, o impacto deverá vir "cheio" no balanço do terceiro trimestre.
O lucro líquido da companhia também saltou sob o efeito dos novos preços, ao passar de R$ 1,614 bilhão no primeiro trimestre para R$ 3,479 bilhões no segundo.
A margem de lucro também cresceu de um trimestre para o outro. A margem Ebit (lucro antes de despesas financeiras e impostos em relação à receita operacional líquida), que no primeiro trimestre foi de 35,3%, chegou a 49,8% no segundo trimestre. "Esse é o lucro da atividade da empresa", diz Simino. No semestre, a margem Ebit ficou em 43,8%.

Cade
O balanço da Vale foi divulgado durante o julgamento do Cade sobre o pedido de extinção do contrato de preferência assinado entre a empresa e a CSN que dava à mineradora a prioridade na compra de minério da Casa de Pedra, da CSN.
Independentemente do Cade, diz Simino, a decisão não afetará os próximos resultados da empresa. "A Vale deve ter no ano entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões de lucro", estima. Segundo ele, pode ocorrer pequena desaceleração na demanda internacional, mas a empresa tem contratos fechados para um ano, e os preços atuais vigoram até março do ano que vem.
Além disso, o efeito negativo do câmbio não deverá se repetir no segundo semestre. "Não se espera uma desvalorização tão forte do dólar. Ao contrário, as projeções são de recuperação do câmbio até o final do ano", diz Simino.
Os reajustes de preço são contratuais, e acompanham o ano fiscal japonês, que se encerra em abril. Os preços valem para todas as mineradoras do planeta -três, a Vale entre elas, detêm 70% do mercado global.
As exportações responderam por 54% das receitas da Vale no primeiro semestre. As vendas para a Europa representaram 28,4% das receitas, e, as para a Ásia, 25,6% (a China contribuiu com 11,5%). O mercado local também tem peso: 23,9% das receitas vieram do país.


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