São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Moeda cede mais 0,65% e fecha a R$ 2,28; para analistas, tendência só muda se crise política se aprofundar

Dólar já acumula queda de 14% no ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A escalada do petróleo, que encostou nos US$ 65 (leia à pág. B5), derrubou as Bolsas americanas e levou junto a Bovespa. Mas o mercado de câmbio preferiu ignorar o cenário externo menos favorável, e o real voltou a se apreciar: o dólar bateu mais uma vez seu recorde de piso em mais de três anos, ao cair 0,65% e fechar a R$ 2,28. No ano, a moeda dos EUA acumula recuo de 14,09%.
Analistas avaliam que a crise política vai ter de se aprofundar muito -afetando diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho- para alterar a rota de apreciação do real.
Fernando Pinto Ferreira, sócio e gestor da Global Invest Asset Management, enumera diferentes tópicos para explicar a baixa do dólar, como excesso de recursos e juros baixos no exterior, superávit comercial elevado e queda da moeda americana mundo afora.
"A persistir o que vem ocorrendo, a crise política não vai afetar o câmbio. Mas qualquer fato novo que envolva o Lula ou o Palocci certamente atingirá o mercado", afirmou Ferreira em palestra.
A alta de 0,14% do Global 40, um dos títulos da dívida brasileira mais negociados lá fora, ajudou a derrubar um pouco mais o risco-país. O indicador fechou em 377 pontos, com recuo de 1,31%. Ao longo do dia, o risco bateu em 374, seu menor nível desde 1997.
No mercado acionário, mais um dia de alta de ações do setor bancário não foi suficiente para evitar que a Bovespa encerrasse o pregão com baixa de 0,64%.
A ação Unibanco Unit teve valorização de 3,81%. O Unibanco divulga hoje seu balanço referente ao primeiro semestre do ano. A expectativa é que a instituição apresente bons resultados, na esteira de Bradesco e Itaú. Ainda no pregão de ontem, a ação PN do Bradesco subiu 3,10%, seguida por Itaú ON, com alta de 2,63%.
A divulgação dos últimos indicadores de inflação abaixo do esperado aumentou a expectativa em torno da hipótese de o BC iniciar o corte dos juros básicos na próxima semana.
O IPC da Fipe registrou alta moderada de 0,19% na primeira quadrissemana de agosto. O IGP-M marcou deflação de 0,36% na primeira prévia do mês.
Os dados ajudaram a fazer as taxas futuras recuar. Além disso, o número de contratos DI (que mostram as projeções futuras dos juros) saltou 79% na BM&F, encostando nos 700 mil.
"O IPC ficou abaixo do esperado. O mercado acredita, agora, que o governo vai dar um refresco na taxa Selic. Muitos falam na possibilidade de uma queda de 0,25 ponto percentual", diz José Ranieri, analista de renda fixa da corretora Liquidez. Mesmo assim, Ranieri permanece entre os cautelosos e afirma acreditar ainda na manutenção da taxa.
A taxa do DI mais negociado, com resgate em janeiro de 2007, caiu de 17,68% para 17,58%.


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