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Mercado interno deve puxar PIB no ano
Consumo no país, impulsionado por maior rendimento e inflação baixa, tende a elevar produção e emprego neste semestre
De abril a junho, consumo das famílias deve crescer 5,3%, o dobro do PIB (2,5%), e estimular a indústria,
diz estudo de economista
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A demanda no mercado interno deve elevar a produção e
o emprego neste semestre e fazer com que o país cresça 4%
em 2006, segundo estudo de
Fernando Montero, da Corretora Convenção, com base no
desempenho da economia previsto para o segundo trimestre
deste ano.
O consumo das famílias deve
crescer 5,3% de abril a junho
deste ano, mais do que o dobro
do que deve crescer o PIB
(2,5%, no período), segundo estimativa do economista.
Essa expansão da demanda
no mercado interno, segundo
informa Montero, é reflexo do
aumento do rendimento médio
do trabalhador, do salário mínimo e da inflação baixa.
"No primeiro semestre, o
movimento no comércio foi
maior do que o da indústria e o
rendimento do trabalhador subiu mais do que a ocupação.
Neste semestre, a demanda interna deve ter reflexo na indústria e no emprego", afirma.
Como conseqüência, na avaliação de Montero, o PIB deste
semestre deve crescer 5%; o do
primeiro, 3%. "A produção está
reprimida. A indústria levou
um tombo em junho [a produção caiu 1,7% sobre maio e 0,6%
sobre junho de 2005], mas é
provável que recupere rapidamente essa queda", afirma.
Na sua avaliação, a redução
da produção em junho pode ter
sido pontual, ou seja, não significa uma tendência. Pode ser
reflexo também da taxa de
câmbio, favorável às importações. "É provável que a taxa de
câmbio não se altere, mas o fato
é que a demanda interna ainda
não teve reflexo sobre a indústria. A velocidade e a intensidade dessa expansão é que ainda
geram dúvidas."
Em julho, segundo levantamento do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, a
indústria de transformação
usava, em média, 84,9% da capacidade instalada -maior índice para o mês desde 1980.
"De fato, as perspectivas das
indústrias são mais otimistas
para este semestre", diz Jorge
Ferreira Braga, coordenador
técnico da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, realizada pelo Ibre.
Mais negócios
Em julho, 54% das empresas
ouvidas informaram que previam melhora nos seus negócios nos seis meses seguintes.
Para o período de julho a setembro, 26% informaram que
pretendiam aumentar a contratação de funcionários; 61%,
manter e 13%, demitir.
Claudio Vaz, presidente do
Ciesp (Centro das Indústrias
do Estado de São Paulo), informa que este mês começou melhor para a indústria. "Abril,
maio e junho foram meses
ruins. "Em julho, houve uma
melhora discreta no ritmo das
fábricas. Neste mês, o ânimo
das indústrias é maior ainda."
As exportações já não batem
recordes como no passado, segundo Vaz. Há tendência de
queda nas vendas no mercado
internacional. "Mas o mercado
interno está aquecido. A indústria voltou a se movimentar,
mas ainda não é nada espetacular." O Ciesp prevê para este
ano crescimento de 4% a 5%
para a indústria. O emprego no
setor deve subir 2%.
A indústria de papelão ondulado, considerada um dos termômetros da economia, está
mais pessimista. Em julho, o
setor vendeu 1,8% menos do
que em julho de 2005. No acumulado de janeiro a julho, as
vendas subiram 1,3% sobre
igual período do ano passado,
mas, ainda assim, o setor decidiu rever para baixo as projeções para o setor.
"Devemos crescer entre 1,5%
e 2% neste ano, não mais entre
3% e 5%", diz Paulo Peres, presidente da ABPO (associação
dos fabricantes de embalagens
de papelão).
Na avaliação de Montero, a
indústria só não respondeu ao
aumento da demanda interna
devido à alta das importações.
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