São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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Mercado interno deve puxar PIB no ano

Consumo no país, impulsionado por maior rendimento e inflação baixa, tende a elevar produção e emprego neste semestre

De abril a junho, consumo das famílias deve crescer 5,3%, o dobro do PIB (2,5%), e estimular a indústria, diz estudo de economista


FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A demanda no mercado interno deve elevar a produção e o emprego neste semestre e fazer com que o país cresça 4% em 2006, segundo estudo de Fernando Montero, da Corretora Convenção, com base no desempenho da economia previsto para o segundo trimestre deste ano.
O consumo das famílias deve crescer 5,3% de abril a junho deste ano, mais do que o dobro do que deve crescer o PIB (2,5%, no período), segundo estimativa do economista.
Essa expansão da demanda no mercado interno, segundo informa Montero, é reflexo do aumento do rendimento médio do trabalhador, do salário mínimo e da inflação baixa.
"No primeiro semestre, o movimento no comércio foi maior do que o da indústria e o rendimento do trabalhador subiu mais do que a ocupação. Neste semestre, a demanda interna deve ter reflexo na indústria e no emprego", afirma.
Como conseqüência, na avaliação de Montero, o PIB deste semestre deve crescer 5%; o do primeiro, 3%. "A produção está reprimida. A indústria levou um tombo em junho [a produção caiu 1,7% sobre maio e 0,6% sobre junho de 2005], mas é provável que recupere rapidamente essa queda", afirma.
Na sua avaliação, a redução da produção em junho pode ter sido pontual, ou seja, não significa uma tendência. Pode ser reflexo também da taxa de câmbio, favorável às importações. "É provável que a taxa de câmbio não se altere, mas o fato é que a demanda interna ainda não teve reflexo sobre a indústria. A velocidade e a intensidade dessa expansão é que ainda geram dúvidas."
Em julho, segundo levantamento do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, a indústria de transformação usava, em média, 84,9% da capacidade instalada -maior índice para o mês desde 1980.
"De fato, as perspectivas das indústrias são mais otimistas para este semestre", diz Jorge Ferreira Braga, coordenador técnico da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, realizada pelo Ibre.

Mais negócios
Em julho, 54% das empresas ouvidas informaram que previam melhora nos seus negócios nos seis meses seguintes. Para o período de julho a setembro, 26% informaram que pretendiam aumentar a contratação de funcionários; 61%, manter e 13%, demitir.
Claudio Vaz, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), informa que este mês começou melhor para a indústria. "Abril, maio e junho foram meses ruins. "Em julho, houve uma melhora discreta no ritmo das fábricas. Neste mês, o ânimo das indústrias é maior ainda."
As exportações já não batem recordes como no passado, segundo Vaz. Há tendência de queda nas vendas no mercado internacional. "Mas o mercado interno está aquecido. A indústria voltou a se movimentar, mas ainda não é nada espetacular." O Ciesp prevê para este ano crescimento de 4% a 5% para a indústria. O emprego no setor deve subir 2%.
A indústria de papelão ondulado, considerada um dos termômetros da economia, está mais pessimista. Em julho, o setor vendeu 1,8% menos do que em julho de 2005. No acumulado de janeiro a julho, as vendas subiram 1,3% sobre igual período do ano passado, mas, ainda assim, o setor decidiu rever para baixo as projeções para o setor.
"Devemos crescer entre 1,5% e 2% neste ano, não mais entre 3% e 5%", diz Paulo Peres, presidente da ABPO (associação dos fabricantes de embalagens de papelão).
Na avaliação de Montero, a indústria só não respondeu ao aumento da demanda interna devido à alta das importações.


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