DO "NEW YORK TIMES"

Quando a Tesla Motors, pioneira nos carros movidos a energia elétrica, decidiu fazer um veículo de luxo para o mercado americano, tinha em mente uma cadeia de fornecedores global. Mas, quando iniciou a produção recentemente, resolveu fazer as baterias e montar o carro em sua sede, na Califórnia, reduzindo em mais de 8.000 km a conta do transporte de cada veículo."Um dos principais motivos foi fugir dos custos de transporte, que estão terríveis", afirmou Darryl Siry, vice-presidente da Tesla.
A economia mundial se tornou tão integrada que é difícil encontrar camisetas em lojas norte-americanas com o selo "Made in the U.S.A". Mas a globalização pode estar perdendo parte do inabalável poder econômico que teve nos últimos anos. A época de petróleo barato e baixo custo de transporte para lugares em todo o mundo pode não voltar mais, desarranjando a lógica da cadeia difusa de fornecedores global, que trata a geografia como uma nota de rodapé na busca por salários menores.
Muitos economistas afirmam que a globalização não vai reverter seu passo mesmo se os preços do barril de petróleo continuarem a sua tendência de alta. Mas vários vêem sinais de que as empresas que quiserem manter seus preços baixos terão que mudar parte da produção para mais perto dos seus consumidores. Cadeias de fornecedores que atravessam o mundo (minério de ferro brasileiro é transformado em aço na China, que é usado na fabricação de lavadora de roupa nos Estados Unidos) fazem menos sentido do que há alguns anos.
Algumas empresas de eletrônicos que deixaram o México nos últimos anos em busca de salários menores estão retornando ao país latino-americano, porque podem diminuir seus custos transportando por caminhão seus produtos para os Estados Unidos. Decisões como essa apontam que, caso o preço do petróleo continue subindo, poderá crescer a importância do que os economistas chamam de "efeito vizinho": colocar fábricas mais próximas dos seus fornecedores e dos seus consumidores para diminuir os custos do transporte.


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