|
Texto Anterior | Índice
Indústria de agroquímicos se prepara para encolher neste ano
Tendência para os próximos anos, porém, é de crescimento, aponta pesquisa
DA REDAÇÃO
A receita do mercado de
agroquímicos em dólares deve
encolher 10% neste ano, prevê
o sindicato da indústria do segmento. Apesar desse recuo, o
Brasil deve seguir na liderança
mundial do setor em faturamento, assumida em 2008. A
tendência é de crescimento no
uso desses produtos nos próximos anos, apontou levantamento de uma empresa internacional de pesquisas. Para a
Embrapa, porém, há opções a
esses produtos que estão sendo
deixadas em segundo plano.
No ano passado, as empresas
do setor de agroquímicos venderam no Brasil o equivalente a
US$ 7,125 bilhões, pouco mais
de 17% do mercado mundial,
segundo o Sindag (Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola).
Em relação a 2007, houve crescimento de 32,6%.
Agora em 2009, a receita em
dólares deve recuar 10%, para o
patamar de US$ 6,5 bilhões, diz
José Roberto Da Ros, vice-presidente-executivo do Sindag.
As dificuldades no crédito pesam para esse desempenho,
afirma Cesário Ramalho, presidente da Sociedade Rural Brasileira. O agricultor perde a
chance de adquirir insumos em
momentos favoráveis e pode
mudar de decisão sobre a compra de determinados produtos.
Apesar dessa retração, o Brasil pode se manter na liderança
mundial dos agroquímicos. Os
EUA, o segundo no ranking
-com receita entre US$ 6,5 bilhões e US$ 7 bilhões-, também tendem a registrar queda,
afirma Da Ros. Os industriais
apontam baixa no preço de insumos muito usados nos dois
países, como o glifosato, presente nos herbicidas que acompanham a soja transgênica.
Lars Schobinger, presidente
da divisão brasileira do Kleffmann Group, empresa de pesquisas especializada no agronegócio, considera possível uma
perda momentânea da liderança do país no setor. Mas, para o
médio prazo, dá como certa a
retomada do primeiro lugar.
Nos trópicos
Como a agricultura brasileira
se desenvolve nos trópicos, as
temperaturas mais elevadas favorecem pragas e doenças, diz
Schobinger. A pesquisa da
Kleffmann relacionou a produtividade crescente no país ao
uso de mais agroquímicos.
Para José Maria Gusman
Ferraz, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, "hoje, infelizmente o Brasil lidera em
agrotóxicos, embora não seja o
maior produtor mundial de alimentos". A soja, lavoura que representa metade do mercado
de agroquímicos, dá uma ideia
do que ocorre. A safra anual dos
EUA está na casa dos 80 milhões de toneladas. A do Brasil
deve ficar abaixo de 60 milhões.
Crítico da expansão do plantio de transgênicos, que tem pacote tecnológico atrelado a certos produtos, Ferraz atribui o
uso maior de agroquímicos a
doenças como a ferrugem da
soja e o "greening" nos citros,
além do avanço da cana sobre
as pastagens, que têm uso reduzido de agrotóxicos.
De acordo com o pesquisador, o controle biológico pode
ser uma alternativa aos agroquímicos. "O uso exagerado de
agrotóxicos mata também os
inimigos naturais de insetos
que prejudicam as plantações."
Texto Anterior: Agrofolha Após dois anos de superávit, Brasil volta a importar lácteos Índice
|