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PÓS-MORATÓRIA
País consegue manter meta de superávit, exclui negociação de tarifas e sairá de moratória com o Fundo
FMI aceita acordo favorável à Argentina
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O FMI (Fundo Monetário Internacional) cedeu às principais exigências do governo argentino e
concluiu um novo acordo com o
país. A decisão ocorreu um dia
após a Argentina ter entrado em
moratória com o próprio FMI,
por não pagar uma parcela de dívida de US$ 2,9 bilhões.
A carta de intenções, segundo o
presidente Néstor Kirchner, prevê
uma meta de superávit primário
(receitas menos despesas, excluindo-se juros) de 3% do PIB
em 2004. O Fundo pedia 4%.
"Pela primeira vez na história
da Argentina negociamos algo
que tem como fator principal a
delimitação de políticas que permitam o crescimento, o aumento
da oferta de emprego e a redução
da pobreza", disse Kirchner. Segundo ele, o acordo definitivo deve ser oficializado pelo FMI entre
amanhã e sábado.
O governo também conseguiu
eliminar a inclusão de um cronograma de reajuste das tarifas públicas, congeladas há mais de um
ano, no texto do acordo. Isso será
tratado diretamente com as empresas multinacionais, que, alegando perdas no país, pressionavam para que o Fundo impusesse
uma renegociação à Argentina.
A nova carta de intenções, segundo o ministro da Economia,
Roberto Lavagna, é de três anos e
prevê a liberação de US$ 21,9 bilhões ao país, com recursos do
Fundo, do Banco Mundial e do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento).
O pacote não inclui dinheiro
novo, e os recursos serão utilizados para refinanciar a dívida já
contraída com os organismos
multilaterais de crédito, além de
débitos existentes com o Clube de
Paris (países europeus).
O texto do acordo prevê ainda
um compromisso do governo de
honrar pagamentos de US$ 2,3 bilhões em juros nos próximos três
anos. Isso significa que, até 2006, a
Argentina terá de sacar recursos
das reservas para acertar a situação com os organismos multilaterais de crédito.
Kirchner disse que o governo
irá sacar dinheiro das reservas internacionais do país para acertar a
situação com o Fundo -e sair da
moratória. "Mas este dinheiro irá
retornar em seguida para os cofres do país na medida em que o
FMI libere novos créditos", disse.
Essa teria sido a condição imposta
pelo Fundo para concluir as negociações com o país.
O governo também conseguiu
excluir do texto do acordo compromissos para compensar os
bancos pela pesificação dos depósitos, mas se comprometeu a realizar uma reforma financeira e a
fortalecer o setor bancário estatal,
que irá ampliar a oferta de crédito,
escassa no setor privado.
Outros itens do acordo são: a
Argentina se comprometeu a eliminar a cobrança do imposto sobre transações financeiras, implantar um programa antievasão
fiscal, que permita aumentar a arrecadação e lançar o quanto antes
o programa de reestruturação da
dívida com credores privados que
está em moratória.
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