|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PÓS-MORATÓRIA
Fundo diz que "equidade social" é parte do acordo com Argentina
Agora, FMI diz que emprego
e crescimento são prioritários
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Em comunicado oficial divulgado às 22h05 de ontem (horário de
Brasília), o diretor-gerente do
FMI, Horst Köhler, afirmou que o
acordo firmado com a Argentina
tem como principal objetivo "retomar o crescimento e reduzir a
pobreza" no país.
Não há no comunicado qualquer exigência objetiva apresentada às autoridades argentinas.
Köhler não faz, por exemplo,
nenhuma menção à exigência de
um superávit primário para os argentinos ou comentários sobre
aumento de tarifas públicas e
compensações ao sistema financeiro do país em decorrência da
desvalorização do peso.
Essas eram condições que o
Fundo vinha colocando como básicas para fechar um novo entendimento com a Argentina.
Aparentemente, o Fundo relaxou essas exigências entre ontem
e hoje, depois de a Argentina ter
tecnicamente entrado em moratória com o próprio FMI.
Na nota divulgada ontem, Köhler lista os três "elementos fundamentais do acordo":
1) "Um arranjo fiscal de médio
prazo para obter crescimento,
emprego e equidade social, procurando ao mesmo tempo normalizar as relações com credores
e assegurar a sustentabilidade das
dívidas (do país)";
2) "Uma estratégia para assegurar o fortalecimento do sistema
bancário e facilitar o aumento dos
empréstimos como forma de ajudar na recuperação econômica";
3) "Reformas institucionais que
facilitem a reestruturação de dívidas corporativas, que abordem a
questão de empresas de serviços
públicos e que ajudem a melhorar
o clima para investimentos".
O novo acordo prevê o desembolso, pelo Fundo, de US$ 12,5 bilhões em três anos. Uma carta de
intenções, segundo Köhler, foi assinada ontem em Buenos Aires e
será discutida pelo comitê-executivo do Fundo na semana que
vem.
"O presidente (Nestor) Kirchner me garantiu seu completo
apoio ao programa e à sua implementação. Garanti a ele que o
Fundo vai trabalhar duro para
ajudar a Argentina a atingir suas
aspirações"", afirmou Köhler.
"Tendo em vista os pagamentos
que a Argentina tem agendados
durante o período (três anos), a
exposição líquida do FMI no país
não será modificada até o fim do
programa", disse o diretor-gerente do Fundo.
Ontem pela manhã, na sede do
Fundo, o porta-voz da instituição,
Thomas Dawson, afirmou ter ficado "desapontado" com o fato
de Argentina não ter pago a parcela de US$ 2,9 bilhões de sua dívida, mas disse que o FMI "não é
rígido ou inflexível".
Nos últimos dias, várias autoridades do Tesouro dos EUA e do
Departamento de Estado vinham
"encorajando" o FMI a ser mais
"flexível" nas negociações com a
Argentina.
Texto Anterior: Ministro era contra a moratória Próximo Texto: Acordo afeta credibilidade, diz Loser Índice
|