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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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PÓS-MORATÓRIA

Fundo diz que "equidade social" é parte do acordo com Argentina

Agora, FMI diz que emprego e crescimento são prioritários

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Em comunicado oficial divulgado às 22h05 de ontem (horário de Brasília), o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, afirmou que o acordo firmado com a Argentina tem como principal objetivo "retomar o crescimento e reduzir a pobreza" no país.
Não há no comunicado qualquer exigência objetiva apresentada às autoridades argentinas.
Köhler não faz, por exemplo, nenhuma menção à exigência de um superávit primário para os argentinos ou comentários sobre aumento de tarifas públicas e compensações ao sistema financeiro do país em decorrência da desvalorização do peso.
Essas eram condições que o Fundo vinha colocando como básicas para fechar um novo entendimento com a Argentina.
Aparentemente, o Fundo relaxou essas exigências entre ontem e hoje, depois de a Argentina ter tecnicamente entrado em moratória com o próprio FMI.
Na nota divulgada ontem, Köhler lista os três "elementos fundamentais do acordo":
1) "Um arranjo fiscal de médio prazo para obter crescimento, emprego e equidade social, procurando ao mesmo tempo normalizar as relações com credores e assegurar a sustentabilidade das dívidas (do país)";
2) "Uma estratégia para assegurar o fortalecimento do sistema bancário e facilitar o aumento dos empréstimos como forma de ajudar na recuperação econômica";
3) "Reformas institucionais que facilitem a reestruturação de dívidas corporativas, que abordem a questão de empresas de serviços públicos e que ajudem a melhorar o clima para investimentos".
O novo acordo prevê o desembolso, pelo Fundo, de US$ 12,5 bilhões em três anos. Uma carta de intenções, segundo Köhler, foi assinada ontem em Buenos Aires e será discutida pelo comitê-executivo do Fundo na semana que vem.
"O presidente (Nestor) Kirchner me garantiu seu completo apoio ao programa e à sua implementação. Garanti a ele que o Fundo vai trabalhar duro para ajudar a Argentina a atingir suas aspirações"", afirmou Köhler.
"Tendo em vista os pagamentos que a Argentina tem agendados durante o período (três anos), a exposição líquida do FMI no país não será modificada até o fim do programa", disse o diretor-gerente do Fundo.
Ontem pela manhã, na sede do Fundo, o porta-voz da instituição, Thomas Dawson, afirmou ter ficado "desapontado" com o fato de Argentina não ter pago a parcela de US$ 2,9 bilhões de sua dívida, mas disse que o FMI "não é rígido ou inflexível".
Nos últimos dias, várias autoridades do Tesouro dos EUA e do Departamento de Estado vinham "encorajando" o FMI a ser mais "flexível" nas negociações com a Argentina.


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