São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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ANÁLISE

Caso tem pouca importância para mercado

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O novo foco de febre aftosa não tem nenhuma importância para o mercado nacional de carne bovina, a não ser o de retardar ainda mais as pretensões de o governo eliminar essa doença do país. O setor correu muito mais perigo com as notícias, não confirmadas, de um foco de febre aftosa no Paraguai há algumas semanas do que com este, confirmado, no Amazonas.
O gado paraguaio, com fácil trânsito para o Brasil, está a poucos quilômetros das fronteiras brasileiras com áreas livres da doença. Já o do Amazonas está a 500 km da mais próxima área livre da febre.
Esse foco da doença deverá ter, também, repercussão internacional menor do que a do caso de junho, quando Argentina e Rússia suspenderam importações.
Naquele mês, parceiros comerciais do Brasil disseram que o governo demorou demais para mostrar exatamente onde tinha ocorrido o foco. Desta vez, esses parceiros ficaram sabendo antes dos brasileiros, tendo sido avisados desse foco na quinta à noite.
Um outro fator favorável ao Brasil neste momento é que a demanda internacional por carne é crescente, e os rebanhos dos principais produtores mundiais estão em queda. Isso tem levado o país a ampliar as exportações para vários mercados, à exceção dos que pagam mais pelo produto como Japão e Coréia do Sul -exatamente por não ser livre da aftosa.
A presença do Brasil no mercado internacional, no entanto, assusta os concorrentes, inclusive os vizinhos Argentina e Uruguai, tradicionais exportadores do produto. Os brasileiros deverão colocar no mercado externo o recorde de 1,5 milhão de toneladas de carne bovina neste ano, o que vai gerar a entrada de US$ 2,3 bilhões, segundo a FNP Consultoria & Agroinformativos.
Os concorrentes têm motivos para se preocupar. Em 2000, o Brasil colocava no mercado externo apenas 755 mil toneladas do produto. Portanto, qualquer tropeço do país nessa área de saúde animal será comemorada pelos concorrentes.


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