São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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EXUBERÂNCIA

Indicador interrompe ciclo de quedas; juros podem subir no país

Produção chinesa retoma trajetória de alta em agosto

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG

A produção industrial chinesa interrompeu a curva descendente que registrou entre fevereiro e julho e cresceu em agosto acima do esperado por analistas econômicos, o que estimulou as apostas de que o Banco Central poderá elevar em breve a taxa de juros, inalterada há quase uma década.
No início da semana, o presidente do Banco Central, Zhou Xiaochuan, disse que a autoridade monetária iria esperar a divulgação dos indicadores econômicos de agosto para avaliar a necessidade de um ajuste dos juros. A taxa básica para empréstimos de um ano está em 5,31%.
O primeiro dado divulgado foi a produção industrial, que subiu 15,9% em agosto em relação a igual período do ano passado. A maioria dos analistas esperava um número próximo de 15%. O ritmo de crescimento da indústria vinha declinando desde fevereiro, quando foi de 23,2%, e chegou a 15,5% em julho.
A redução se deveu em parte às medidas adotadas pelo governo para conter o ritmo de expansão da economia, considerado insustentável. Em abril, o BC subiu de 7,0% para 7,5% o depósito compulsório dos bancos, o que retirou US$ 13 bilhões de circulação, reduzindo o volume de dinheiro disponível para empréstimos. Além disso, o governo impôs uma série de restrições administrativas a setores vistos como superaquecidos, entre eles aço e cimento.
A possibilidade de alta da taxa de juros foi reforçada anteontem por declarações da poderosa Xie Qihua, presidente da estatal Baosteel, maior produtora de aço da China.
"Como Zhou Xiaochuan indicou em seus discursos, a China vai provavelmente aumentar sua taxa de juros no curto prazo", declarou Xie durante uma entrevista.
Na segunda-feira, o Departamento de Estatísticas vai divulgar outro dado essencial para a avaliação do Banco Central, que é o Índice de Preços ao Consumidor. Em julho, a inflação foi de 5,3%, acima da previsão oficial de 4,5%. O governo espera que o índice de agosto seja de 3,7%. Se o resultado for superior, reforçará ainda mais a possibilidade de alta dos juros.

Novos dados
Outro indicador-chave é o comportamento dos investimentos, que será revelado quinta-feira. Apesar de ter caído de uma alta de 53% nos primeiros dois meses do ano para 31% no primeiro semestre, os investimentos ainda crescem a um ritmo que muitos consideram insustentável.
Ben Simpferdorfer, analista do J.P. Morgan, afirma que o resultado da produção industrial de agosto reforça a chance de que os juros sejam elevados no fim do mês, mas acha que a divulgação dos dados sobre investimentos deixará o cenário mais claro.
O analista Yiping Huang, do Citigroup, ressalta que tanto o investimento quanto o consumo estão aumentando a um ritmo mais acelerado que no ano passado. Segundo ele, se o investimento continuar a registrar altos índices de expansão e o núcleo de inflação se mantiver em alta, o governo deverá subir os juros e reforçar as medidas administrativas de controle da economia.


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