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EXUBERÂNCIA
Indicador interrompe ciclo de quedas; juros podem subir no país
Produção chinesa retoma
trajetória de alta em agosto
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG
A produção industrial chinesa
interrompeu a curva descendente
que registrou entre fevereiro e julho e cresceu em agosto acima do
esperado por analistas econômicos, o que estimulou as apostas de
que o Banco Central poderá elevar em breve a taxa de juros, inalterada há quase uma década.
No início da semana, o presidente do Banco Central, Zhou
Xiaochuan, disse que a autoridade monetária iria esperar a divulgação dos indicadores econômicos de agosto para avaliar a necessidade de um ajuste dos juros. A
taxa básica para empréstimos de
um ano está em 5,31%.
O primeiro dado divulgado foi a
produção industrial, que subiu
15,9% em agosto em relação a
igual período do ano passado. A
maioria dos analistas esperava
um número próximo de 15%. O
ritmo de crescimento da indústria
vinha declinando desde fevereiro,
quando foi de 23,2%, e chegou a
15,5% em julho.
A redução se deveu em parte às
medidas adotadas pelo governo
para conter o ritmo de expansão
da economia, considerado insustentável. Em abril, o BC subiu de
7,0% para 7,5% o depósito compulsório dos bancos, o que retirou
US$ 13 bilhões de circulação, reduzindo o volume de dinheiro
disponível para empréstimos.
Além disso, o governo impôs uma
série de restrições administrativas
a setores vistos como superaquecidos, entre eles aço e cimento.
A possibilidade de alta da taxa
de juros foi reforçada anteontem
por declarações da poderosa Xie
Qihua, presidente da estatal Baosteel, maior produtora de aço da
China.
"Como Zhou Xiaochuan indicou em seus discursos, a China vai
provavelmente aumentar sua taxa
de juros no curto prazo", declarou
Xie durante uma entrevista.
Na segunda-feira, o Departamento de Estatísticas vai divulgar
outro dado essencial para a avaliação do Banco Central, que é o
Índice de Preços ao Consumidor.
Em julho, a inflação foi de 5,3%,
acima da previsão oficial de 4,5%.
O governo espera que o índice de
agosto seja de 3,7%. Se o resultado
for superior, reforçará ainda mais
a possibilidade de alta dos juros.
Novos dados
Outro indicador-chave é o comportamento dos investimentos,
que será revelado quinta-feira.
Apesar de ter caído de uma alta de
53% nos primeiros dois meses do
ano para 31% no primeiro semestre, os investimentos ainda crescem a um ritmo que muitos consideram insustentável.
Ben Simpferdorfer, analista do
J.P. Morgan, afirma que o resultado da produção industrial de
agosto reforça a chance de que os
juros sejam elevados no fim do
mês, mas acha que a divulgação
dos dados sobre investimentos
deixará o cenário mais claro.
O analista Yiping Huang, do Citigroup, ressalta que tanto o investimento quanto o consumo estão aumentando a um ritmo mais
acelerado que no ano passado. Segundo ele, se o investimento continuar a registrar altos índices de
expansão e o núcleo de inflação se
mantiver em alta, o governo deverá subir os juros e reforçar as medidas administrativas de controle
da economia.
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