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AL encara crise melhor que em 98, dizem analistas
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Devido à melhora dos fundamentos da sua economia, os
países latino-americanos estão
enfrentando a atual turbulência nos mercados financeiros
muito melhor do que em 1998,
quando estourou a crise russa.
Essa é a constatação de analistas que participaram ontem
do debate "Volatilidade no
mercado global: a América Latina está preparada?", realizado
em Nova York (EUA) pela
Americas Society/Council of
the Americas.
O principal indicador que
fundamenta essa avaliação é o
de risco, que mede a percepção
dos investidores acerca da possibilidade de um devedor dar
calote nos seus compromissos.
Há nove anos, o risco médio do
continente latino-americano
(Embi, aferido pelo banco JP
Morgan) chegou a encostar nos
1.500 pontos, mas, agora, ele
não alcança 300 pontos.
"Isso é resultado de boas políticas e sorte", explicou Douglas Smith, economista-chefe
do banco Standard Chartered
nas Américas. "Os governos
souberam aproveitar o cenário
favorável dos últimos anos -altos preços das commodities e
grande liquidez internacional-
para realizar melhorias."
O Brasil é um dos que estão
se saindo melhor: em 1998, o
risco individual beirou os 1.700
pontos, e por ora tem oscilado
perto de 200 pontos. Já no caso
da Argentina, a situação se inverteu: seu risco há nove anos
estava um pouco abaixo do brasileiro, porém, no momento de
maior nervosismo em 2007,
bateu em 500 pontos.
"Outros sinais que nos permitem afirmar que a realidade
para a região mudou muito são
o menor sofrimento das suas
Bolsas de Valores e o fato de
que os bancos centrais não precisaram correr para aumentar
os juros. Após um curto período de apreciação, as moedas já
estão voltando a recuar", disse
Guillermo Perry, economista-chefe do Banco Mundial para a
América Latina e o Caribe.
Inflação baixa, reservas internacionais gordas, dívida menos atrelada ao dólar e com prazos mais longos -esses foram
os principais avanços obtidos
pelo Brasil desde a crise da Rússia. Entretanto, para enfrentar
a maré baixa esperada para
2009 e 2010, o país deve ser
mais ousado nas reformas.
"A demanda interna está
crescendo, isso é fato. Os juros
continuam caindo. Agora, o governo precisa diminuir os seus
gastos", frisou Smith.
Para Perry, também é necessário reduzir a elevada carga
tributária. "É caro demais para
os empresários investirem no
país desse jeito. Com menos taxas, certamente veríamos um
crescimento superior", disse.
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