São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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AL encara crise melhor que em 98, dizem analistas

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Devido à melhora dos fundamentos da sua economia, os países latino-americanos estão enfrentando a atual turbulência nos mercados financeiros muito melhor do que em 1998, quando estourou a crise russa.
Essa é a constatação de analistas que participaram ontem do debate "Volatilidade no mercado global: a América Latina está preparada?", realizado em Nova York (EUA) pela Americas Society/Council of the Americas.
O principal indicador que fundamenta essa avaliação é o de risco, que mede a percepção dos investidores acerca da possibilidade de um devedor dar calote nos seus compromissos. Há nove anos, o risco médio do continente latino-americano (Embi, aferido pelo banco JP Morgan) chegou a encostar nos 1.500 pontos, mas, agora, ele não alcança 300 pontos.
"Isso é resultado de boas políticas e sorte", explicou Douglas Smith, economista-chefe do banco Standard Chartered nas Américas. "Os governos souberam aproveitar o cenário favorável dos últimos anos -altos preços das commodities e grande liquidez internacional- para realizar melhorias."
O Brasil é um dos que estão se saindo melhor: em 1998, o risco individual beirou os 1.700 pontos, e por ora tem oscilado perto de 200 pontos. Já no caso da Argentina, a situação se inverteu: seu risco há nove anos estava um pouco abaixo do brasileiro, porém, no momento de maior nervosismo em 2007, bateu em 500 pontos.
"Outros sinais que nos permitem afirmar que a realidade para a região mudou muito são o menor sofrimento das suas Bolsas de Valores e o fato de que os bancos centrais não precisaram correr para aumentar os juros. Após um curto período de apreciação, as moedas já estão voltando a recuar", disse Guillermo Perry, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.
Inflação baixa, reservas internacionais gordas, dívida menos atrelada ao dólar e com prazos mais longos -esses foram os principais avanços obtidos pelo Brasil desde a crise da Rússia. Entretanto, para enfrentar a maré baixa esperada para 2009 e 2010, o país deve ser mais ousado nas reformas.
"A demanda interna está crescendo, isso é fato. Os juros continuam caindo. Agora, o governo precisa diminuir os seus gastos", frisou Smith.
Para Perry, também é necessário reduzir a elevada carga tributária. "É caro demais para os empresários investirem no país desse jeito. Com menos taxas, certamente veríamos um crescimento superior", disse.


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