São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Renault lança primeiro carro "brasileiro"

Criado para o mercado latino-americano, compacto Sandero foi desenvolvido e será produzido no Paraná

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A montadora francesa Renault lançou ontem dez novos modelos, incluindo um criado no Brasil para o mercado latino-americano. É o "hatch" compacto Sandero, fabricado em São José dos Pinhais (PR) e previsto para chegar às concessionárias em dezembro. Outros lançamentos incluem variações do Clio, Laguna, Kangoo e dos utilitários Koleos.
O Sandero é o quarto, dos seis modelos que a Renault pretende lançar no Brasil até 2009. Até agora, chegaram ao mercado o Mégane, o Mégane Grand Tour e o Logan. Os lançamentos receberão investimentos de US$ 360 milhões no país, no período de 2006 a 2009.
Desse total, US$ 230 milhões serão gastos em carros da plataforma B0, que abrigará, além do Logan e do Sandero, outro modelo montado no País, com lançamento previsto até 2009. Além do Brasil, o Sandero também será vendido a partir de dezembro na Argentina.
O Sandero é o primeiro carro da montadora desenvolvido e lançado fora da Europa. Boa parte do projeto foi desenhado no Centro de Engenharia América, em São José dos Pinhais, por engenheiros brasileiros. O modelo é também o primeiro desenvolvido, desde o início, para o consumidor brasileiro.
"O Sandero é o primeiro Renault com DNA brasileiro", diz Jérôme Stoll, presidente da Renault do Brasil e diretor-geral da Renault Mercosul. "É um carro feito por brasileiros para brasileiros."
Isso significou, por exemplo, maior altura em relação ao solo e suspensões reforçadas para suportar as ruas e estradas brasileiras. A pintura também recebe uma cera especial anticorrosão, desenvolvida para o clima tropical.
"O Brasil já é um pólo de desenvolvimento e produção de veículos compactos e a engenharia automotiva local é moderna e desenvolvida", diz Marcelo Cioffi, sócio da consultoria PricewaterhouseCoopers. "A Renault seguiu o que as concorrentes já fazem."
Mesmo assim, os especialistas questionam a capacidade de o país se tornar um grande centro de exportação da categoria.
"O custo de produção no país está prejudicado por causa do câmbio", diz Stefano Bridelli, sócio da consultoria Bain & Company. "Somos competitivos com Europa e Estados Unidos, mas não com Turquia, Índia, Polônia e China." Além do Brasil, a Renault tem centros de engenharia regionais na Romênia, Coréia do Sul e Índia.
Ainda sem preço definido, o Sandero concorrerá na categoria dos "hatches" como o Fox, da Volkswagen, e o Fiat Punto, que custam a partir de R$ 32 mil. Esse segmento representa metade das vendas de novos veículos no país.
O lançamento chega ao mercado com motor flex, em versão 1.0, 1.6 litro e 1.6 litro com 16 válvulas. Ele também terá garantia de fábrica de três anos ou 100 mil quilômetros.
Com os lançamentos anunciados ontem, a Renault espera dobrar suas vendas entre 2006 e 2009 e melhorar sua rentabilidade. Em entrevista na feira de automóvel de Frankfurt, Carlos Ghosn, presidente da Renault, afirmou que a montadora terá margem de lucro operacional de 3% em 2007, 4,5% em 2008 e 6% em 2009.
Com um faturamento de 20,5 bilhões no primeiro semestre, a Renault teve redução de 1,4% nas vendas em relação ao mesmo período de 2006.


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