São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Setor industrial amplia investimento na produção

Alta de 16,2% no segundo trimestre foi a 18ª seguida e recorde na série do IBGE

O maior consumo interno deixou os empresários otimistas, e a tendência é que eles continuem investindo na produção

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

Os investimentos do setor produtivo voltaram a se destacar no resultado do PIB (Produto Interno Bruto), repetindo a tendência de trimestres passados. A alta de 16,2% foi a 18ª consecutiva e recorde na série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 1996.
Para o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, mais importante do que o número em si tem sido a tendência dos últimos trimestres desse indicador. "Há cinco trimestres os investimentos crescem entre 14% e 16%. Isso é que é relevante", diz.
No jargão econômico, esses investimentos são resumidos na sigla FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), que são máquinas e equipamentos e outros itens constituídos para produzir bens e serviços.
Quanto maior a FBCF, maior a oferta futura que vai suprir a demanda do país sem que existam pressões inflacionárias devido ao aumento do consumo.
A FBCF é composta em 60% por máquinas e equipamentos; os outros 40% são representados pela construção civil.
O resultado do trimestre passado mostrou que as empresas tomaram 41,3% mais empréstimos no setor financeiro com o intuito de produzir mais e buscaram no exterior boa parte do maquinário novo.
As importações de equipamentos foram o item de maior peso sobre a alta de 25,8% nas compras externas entre abril e junho, de acordo com o IBGE. As compras no exterior cresceram em ritmo bastante superior ao das exportações no segundo trimestre (5,1%), na comparação com igual período no ano passado.
A compra de equipamentos no exterior "é uma clara demonstração de que estamos passando por um ciclo de investimentos", diz Júlio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Segundo Braulio Borges, economista da LCA, "o segundo trimestre foi o momento em que o investimento deu o dinamismo" da economia. "Sem o investimento, o cenário seria de manutenção. Ele foi o fator mais forte para a expansão."
Segundo seus cálculos, o PIB no segundo trimestre em relação ao primeiro teria crescido apenas 0,7%, e não 1,6%, não fossem os investimentos.
Para Marcela Prada, da Tendências, é esperada a manutenção dos investimentos em patamar elevado. "A demanda interna aquecida deixou os empresários otimistas, e a tendência é que eles continuem investindo", afirma.
No setor da construção civil, que faz parte da FBCF, a tendência daqui para a frente é de aumento de atividade.
"O setor está "bombando", e não se trata de uma bolha. Tudo cresce. O emprego, o uso de materiais, o crédito, as edificações civis e as obras de infra-estrutura", diz Ana Maria Castelo, da FGV Projetos e que faz análises para o SindusCon-SP.

Indústria cresce menos
Na contramão da maioria dos componentes do PIB, o segundo trimestre de 2008 mostrou uma redução (de 7,3% no primeiro trimestre para 4,8% agora) no crescimento da indústria de transformação.
Segundo análise do Iedi, considerando que a produção da indústria nesse período teve variação de 6,2%, o resultado do segundo trimestre pode significar uma "perda de substância" da indústria brasileira.
Segundo o instituto, a queda na adição de valor dos produtos industriais nacionais tem se dado pela substituição da produção nacional por itens importados. (FCZ e JL)


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