São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Consumo das famílias tem expansão de 6,7% no 2º tri

Aumento da massa salarial e do crédito alimenta crescimento pelo 19º trimestre

Analistas esperam desaceleração do consumo só a partir dos últimos três meses do ano, com efeito da alta dos juros pelo BC

ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

O consumo das famílias se manteve aquecido e registrou alta de 6,7% no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado. Esse é o 19º trimestre seguido de expansão nessa base de comparação. Segundo analistas, a perspectiva é que nos próximos trimestres o consumo já comece a dar sinais de desaceleração por conta da alta de juros promovida pelo Banco Central desde maio.
Em relação ao primeiro trimestre, a alta no consumo das famílias foi de 1%.
"O consumo tem se mantido em ritmo acelerado desde o ano passado. Ele está crescendo acima do PIB", afirma Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE.
Para o instituto, a expansão do consumo foi motivada principalmente pelo aumento da massa salarial.
No segundo trimestre, a massa salarial dos brasileiros teve alta de 8,1%. Além disso, o crédito farto e os prazos longos de pagamento dos empréstimos contribuíram para a expansão.
Houve crescimento de 32,9% no saldo de operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas.
No primeiro semestre, o consumo das famílias registrou alta de 6,7%. Na avaliação do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), os dados mostram que o consumo "conserva uma evolução que, sem ser explosiva, é alimentadora das decisões de investimento dos empresários".
Para o instituto, ligado à indústria, o ritmo de crescimento do país é equilibrado e os resultados desmentem a tese de que a economia brasileira poderia estar em um processo perigoso de aceleração, que levaria a uma ameaça do controle da inflação e justificaria forte alta nos juros.
No fim do ano passado, o ritmo mais acelerado de crescimento do consumo das famílias levou o Banco Central a se preocupar com a possibilidade de um superaquecimento da economia. No quarto trimestre de 2007, o consumo teve alta de 8,6% em relação a igual período do ano passado. No primeiro trimestre, a alta foi de 6,6%. Desde maio, o BC tem promovido elevações na taxa básica de juros.

Desaceleração
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e ex-diretor do BC, mesmo com a perspectiva de desaceleração no consumo no final do ano, a tendência é de um crescimento da economia de pouco mais de 5% neste ano.
"Não dá mais tempo de ter uma desaceleração significativa neste ano", disse.
Para o próximo ano, com a continuidade da política de elevação dos juros do BC, Freitas prevê uma desaceleração para 3,5% a 4%. "O aumento dos juros que o BC está promovendo não surtiu efeito ainda, mas esse cenário não deverá continuar assim no próximo ano", disse.
Segundo Freitas, existem sinais de desaceleração na ponta no comércio, além dos efeitos de um menor crescimento da economia mundial.
Segundo Braulio Borges, economista da LCA, as vendas de veículos já começam a dar sinais de arrefecimento em agosto. "No quarto trimestre, já começa a haver impacto da política de juros, que leva normalmente de seis a nove meses para começar a influenciar o nível de atividade. Deverá ser o pior momento para a economia neste ano", disse.
Para Borges, ainda é difícil mensurar o impacto da desaceleração da economia mundial, mas os efeitos deverão ser percebidos primeiro nas exportações e depois no consumo.


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