São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Indústria elogia PIB, mas pede menos juros

DA REPORTAGEM LOCAL

Trabalhadores e entidades ligadas ao setor produtivo expressaram satisfação quanto ao crescimento do PIB, mas apontaram a alta dos juros e a carga tributária como fatores que poderão limitar o desempenho da economia no futuro.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, manteve tom crítico em relação ao peso dos impostos. "O PIB cresceu 6,1%, o que é positivo.
Mas a arrecadação cresceu 8,5%, mais do que o PIB, o que é negativo." Após o anúncio da alta na taxa básica de juros, a Fiesp emitiu nota na qual qualifica como "grave erro" a decisão do Copom. "[O] Banco Central persiste no erro de comprometer o futuro do Brasil."
Já a CNI (Confederação Nacional da Indústria), que classificara como "muito positivo" o desempenho da economia no segundo trimestre, divulgou nova nota à noite para afirmar que o aumento na Selic "é excessivo, impõe custos desnecessários à sociedade".
Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, o segundo trimestre não sofreu o impacto do aperto monetário iniciado em abril. Mas ele prevê desaceleração nos próximos meses. "Esperamos um resultado favorável, mas menos exuberante do que vimos agora."

Trabalhadores
As centrais sindicais comemoraram o crescimento do PIB, mas também manifestaram receio quanto ao desempenho futuro da economia diante do aperto monetário.
Para o presidente da CUT, Artur Henrique, ao elevar os juros, o BC pretende "frear o ritmo" do crescimento.
Já o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirmou, também por meio de nota, que o aumento da Selic é "desproporcional às expectativas de disparada da taxa inflacionária". Segundo ele, a alta dos preços ocorreu em razão da redução da oferta, e não de demanda excessiva.
"Para os trabalhadores, o crescimento da economia é primordial para a geração de empregos, para conquistar reajuste salariais maiores", disse João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical.
"Mas fico até com receio de externar minha satisfação, porque toda vez que o PIB sobe o Banco Central se apressa em aumentar a taxa Selic para conter a demanda."
Heleno Bezerra, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, diz que "o crescimento de 6% do PIB no semestre derruba o argumento dos empresários de que a produção está começando a decrescer e comprova que a economia continua se fortalecendo. A riqueza que está sendo gerada no país precisa ser repartida com os trabalhadores, que também são responsáveis por ela".
A UGT (União Geral dos Trabalhadores) mostrou-se satisfeita com a alta do PIB, especialmente porque ela acarretará melhora na educação e na saúde. Apesar disso, não vê motivos para comemorações. Segundo Ricardo Patah, presidente da UGT, existe uma preocupação com a taxa de juros, que reduz a atividade econômica e o consumo.


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