São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Economistas mostram preocupação com déficit maior nas contas externas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento do déficit em contas externas poderá trazer de volta a fragilidade do Brasil diante de crises internacionais como a atual, deflagrada no mercado de financiamento imobiliário dos Estados Unidos. Essa é uma preocupação da economista Maria da Conceição Tavares e do representante do Brasil no FMI (Fundo Monetário Internacional), Paulo Nogueira Batista Jr., que participaram ontem do último dia do seminário em homenagem aos 200 anos do Ministério da Fazenda, em Brasília.
"No Brasil, a balança comercial continua superavitária e as reservas internacionais estão muito altas. Por isso, a posição não é frágil no curto e no médio prazo. O problema é a velocidade de deterioração. Temos que evitar a valorização excessiva do câmbio [queda da cotação do dólar]", afirmou Nogueira Batista.
O economista alertou de que o aumento dos fluxos internacionais de capital é uma fonte de riscos para todos os países. "Cresceu muito a importância desses movimentos de capitais pelo mundo. Na semana passada, por causa da turbulência externa, até a Coréia do Sul sofreu. E este é um dos mercados mais sólidos do mundo", disse o representante do Brasil no FMI.
Conceição Tavares concorda que uma nova crise no balanço de pagamentos poderá "quebrar o Brasil".
"A crise do balanço de pagamentos, sim, quebra o Brasil. A última que tivemos foi decorrente da política do Fernando Henrique [Cardoso], o que, aliás, o [Pedro] Malan não reconheceu ontem [anteontem]", disse a economista.

Crítica ao BC
A crise internacional e a desvalorização do dólar uniu as opiniões dos economistas Yo- shiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da FGV (Fundação Getulio Vargas, de São Paulo), e Conceição Tavares, que alertaram ontem para os perigos da valorização do real.
Nakano, economista ligado ao PSDB, aproveitou a palestra para criticar a política de juros do Banco Central.
"Vestido de roupa nova, o BC é uma das instituições do atraso", afirmou.
Para ele, a política monetária e cambial do BC historicamente atende "às elites rentistas do Brasil" e essa dinâmica ainda não mudou. "Os juros altos e o câmbio apreciado são uma velha tragédia brasileira. É o oposto do que estimula a produção", disse Nakano.


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