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Crescem as paralisações nas montadoras
No ABC, no interior de São Paulo e no Paraná metalúrgicos pararam produção para reivindicar aumento real nos salários
Sindicatos afirmam que setor está em recuperação e pode dar um reajuste acima da inflação; montadoras oferecem somente INPC
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
As paralisações por aumento
real nos salários se ampliaram
ontem e atingiram ao menos 14
mil trabalhadores de três montadoras -Ford, Mercedes-Benz e Scania- e do setor de
autopeças da região do ABC.
No interior de São Paulo,
8.000 funcionários da GM (General Motors), de São José dos
Campos, fizeram greve por 24
horas por causa do impasse nas
negociações salariais.
Em Taubaté, 7.200 operários
da Volkswagen e da Ford estão
em "estado de greve" e 2.000
metalúrgicos de autopeças aderiram ontem aos protestos na
região. No Estado de São Paulo,
são 220 mil metalúrgicos em
campanha salarial.
No Paraná, funcionários da
Volvo, em Curitiba, paralisaram as atividades da fábrica por
uma hora. E cerca de 8.500 trabalhadores da Renault-Nissan
e da Volkswagen-Audi permanecem em greve desde quinta-feira da semana passada.
No ABC paulista, metalúrgicos da Ford, da Mercedes-Benz
e da Scania pararam entre as 6h
e as 15h, primeiro turno de trabalho, para reivindicar aumento acima da inflação.
Houve uma passeata na avenida 31 de Março, nos arredores da Mercedes, em São Bernardo, e uma manifestação na
portaria da Scania, onde se concentraram funcionários da
montadora e da Karmanghia.
Hoje as paralisações atingem
a Toyota, em São Bernardo, e
autopeças de Diadema -Autometal, TRW e Delga.
As fabricantes de veículos do
ABC confirmaram a paralisação parcial em suas fábricas e
informaram que diversos setores da produção foram afetados. Na Scania, 12 caminhões
deixaram de ser fabricados entre as 7h e as 9h, segundo representantes do sindicato na montadora. Por dia, são produzidas
43 unidades, em média.
A Ford afirmou que não era
possível mensurar a perda na
produção. A Mercedes-Benz
também não divulgou os prejuízos. Por dia, são produzidos,
em média, 220 veículos -60%
são caminhões e 40%, ônibus.
"O mínimo que as montadoras podem fazer para retribuir
os incentivos federais recebidos, como redução do IPI para
automóveis e as linhas de crédito criadas especialmente para
incrementar as vendas de caminhões, é conceder aumento
acima da inflação para os trabalhadores", disse Sérgio Nobre,
presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC (CUT).
Hoje, sindicalistas e representantes de montadoras e autopeças voltam a se reunir na
tentativa de buscar um acordo
salarial. "Pelo que vimos até
agora estamos mais próximos
de decretar uma greve por tempo indeterminado na próxima
semana do que fechar um acordo. As montadoras só querem
conceder o reajuste para repor
a inflação [4,4% pelo INPC]",
afirmou Nobre. Amanhã, a categoria faz assembleia para decidir se para ou aceita uma possível proposta salarial.
No ano passado, os metalúrgicos do ABC receberam 3,6%
de aumento, além de 7,5% para
repor as perdas da inflação, e
abono de R$ 1.450. Na região, o
salário médio pago pelas montadoras é de R$ 4.800 e pelas
autopeças, de R$ 3.500.
GM e Paraná
O Sindicato dos Metalúrgicos
do São José (filiado à Conlutas)
informou que cerca de 8.000
dos 8.300 funcionários da GM
aderiram ontem à paralisação.
Os trabalhadores pedem reajuste de 14,65%, além de redução da jornada. Segundo o sindicato, o Sinfavea (reúne as
montadoras) apresentou proposta que prevê a reposição da
inflação, com índice ainda menor para os funcionários com
salário acima de R$ 6.000.
A GM afirmou, por meio da
assessoria, que a paralisação foi
parcial e que as negociações
com o sindicato prosseguem.
Na Volvo, os trabalhadores
deram prazo até hoje para que a
empresa atenda às reivindicações. Se não houver entendimento, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba vai
propor greve dos 2.600 empregados da montadora por tempo
indeterminado.
Eles pedem reajuste de 10% e
abono de R$ 2.000. A empresa
ofereceu 4,44% e R$ 1.500 de
abono. Na Renault-Nissan e na
Volkswagen-Audi, o sindicato
marcou assembleia para a próxima segunda-feira e aguarda
nova proposta salarial. Em oito
dias de paralisação, as duas
montadoras deixaram de produzir cerca de 8.600 veículos.
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