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Número de famílias pobres nos EUA é o maior em 11 anos
Cálculo é referente ao acumulado de 2008, mas, com a alta do desemprego em 2009, situação deve se agravar
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Em 2008, durante um ano
inteiro em que os EUA estiveram em recessão, o total de famílias pobres no país aumentou de 12,5% para 13,2%, atingindo o maior nível em 11 anos.
Em 2009, com o desemprego
se aproximando de 10%, é possível que o total de pobres seja
ainda maior, segundo informações do Census Bureau.
As estatísticas apresentadas
ontem foram colhidas ao longo
de 2008, quando a taxa média
de desemprego nos EUA foi de
5,8%. Até agosto, em 2009, o
patamar médio era de 9%.
O instituto também detectou
um aumento significativo no
total de adultos sem qualquer
cobertura privada de saúde.
O Census Bureau informou
que no ano passado 39,8 milhões de pessoas ficaram abaixo
da linha de pobreza nos EUA. O
parâmetro é definido por uma
renda anual menor do que US$
22.025 (R$ 40.305) para uma
família de quatro pessoas, em
média (equivalente a renda
mensal de R$ 840 por pessoa).
De um modo geral, a maioria
das famílias norte-americanas
ficou mais pobre, refletindo a
estagnação dos salários nos últimos anos nos EUA e o aumento do desemprego.
Na média, entre 2007 e 2008
a renda anual das famílias caiu
de US$ 52.200 (R$ 95.526, ou
R$ 7.960 ao mês) para US$
50.300 (R$ 7.670 ao mês). Corrigida pela inflação, a renda
mensal nos EUA está hoje no
menor patamar em dez anos.
Como comparação, em seis capitais brasileiras o rendimento
médio mensal de empregados
em julho era de R$ 1.323,30.
Segundo análise do economista Lawrence Katz, da Universidade Harvard, o declínio
do rendimento das famílias
norte-americanas em 2008 foi
o maior registrado em um primeiro ano de recessão no país.
"O que vimos foi uma década
perdida para as famílias tipicamente americanas."
Os resultados não captam
ainda a diminuição na renda
disponível que as famílias vêm
tendo com prestações imobiliárias e juros bancários maiores
nem o empobrecimento que
muitas tiveram com o colapso
da Bolsa de Nova York no último trimestre de 2008.
Pelo oitavo ano consecutivo,
o instituto também detectou
um encolhimento no total de
pessoas com seguro saúde privado, bancado por empresas ou
com recursos próprios. No total, 46,3 milhões de norte-americanos (15,4% da população)
estão nessa situação.
Uma das principais promessas de campanha do presidente
Barack Obama é universalizar o
sistema de saúde. Os mais pobres contam hoje com o Medicaid. Quem tem mais de 65
anos, com o Medicare. Mas ambos são deficitários e considerados insuficientes.
Em pronunciamento ontem
para reforçar a necessidade de
mudanças na área, Obama afirmou que os dados apresentados pelo censo pioraram a partir de setembro de 2008, quando a crise global se aprofundou.
"Nos últimos 12 meses, a estimativa é que o número de pessoas sem cobertura privada tenha aumentado em 6 milhões",
disse Obama.
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