São Paulo, sexta-feira, 11 de setembro de 2009

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Número de famílias pobres nos EUA é o maior em 11 anos

Cálculo é referente ao acumulado de 2008, mas, com a alta do desemprego em 2009, situação deve se agravar

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Em 2008, durante um ano inteiro em que os EUA estiveram em recessão, o total de famílias pobres no país aumentou de 12,5% para 13,2%, atingindo o maior nível em 11 anos.
Em 2009, com o desemprego se aproximando de 10%, é possível que o total de pobres seja ainda maior, segundo informações do Census Bureau.
As estatísticas apresentadas ontem foram colhidas ao longo de 2008, quando a taxa média de desemprego nos EUA foi de 5,8%. Até agosto, em 2009, o patamar médio era de 9%.
O instituto também detectou um aumento significativo no total de adultos sem qualquer cobertura privada de saúde.
O Census Bureau informou que no ano passado 39,8 milhões de pessoas ficaram abaixo da linha de pobreza nos EUA. O parâmetro é definido por uma renda anual menor do que US$ 22.025 (R$ 40.305) para uma família de quatro pessoas, em média (equivalente a renda mensal de R$ 840 por pessoa).
De um modo geral, a maioria das famílias norte-americanas ficou mais pobre, refletindo a estagnação dos salários nos últimos anos nos EUA e o aumento do desemprego.
Na média, entre 2007 e 2008 a renda anual das famílias caiu de US$ 52.200 (R$ 95.526, ou R$ 7.960 ao mês) para US$ 50.300 (R$ 7.670 ao mês). Corrigida pela inflação, a renda mensal nos EUA está hoje no menor patamar em dez anos. Como comparação, em seis capitais brasileiras o rendimento médio mensal de empregados em julho era de R$ 1.323,30.
Segundo análise do economista Lawrence Katz, da Universidade Harvard, o declínio do rendimento das famílias norte-americanas em 2008 foi o maior registrado em um primeiro ano de recessão no país. "O que vimos foi uma década perdida para as famílias tipicamente americanas."
Os resultados não captam ainda a diminuição na renda disponível que as famílias vêm tendo com prestações imobiliárias e juros bancários maiores nem o empobrecimento que muitas tiveram com o colapso da Bolsa de Nova York no último trimestre de 2008.
Pelo oitavo ano consecutivo, o instituto também detectou um encolhimento no total de pessoas com seguro saúde privado, bancado por empresas ou com recursos próprios. No total, 46,3 milhões de norte-americanos (15,4% da população) estão nessa situação.
Uma das principais promessas de campanha do presidente Barack Obama é universalizar o sistema de saúde. Os mais pobres contam hoje com o Medicaid. Quem tem mais de 65 anos, com o Medicare. Mas ambos são deficitários e considerados insuficientes.
Em pronunciamento ontem para reforçar a necessidade de mudanças na área, Obama afirmou que os dados apresentados pelo censo pioraram a partir de setembro de 2008, quando a crise global se aprofundou.
"Nos últimos 12 meses, a estimativa é que o número de pessoas sem cobertura privada tenha aumentado em 6 milhões", disse Obama.


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