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MERCADO TENSO
Governo faz mais uma tentativa para tentar impedir a fuga de dólares do país, mais de US$ 2 bi saíram ontem
BC leva taxa de juros para 49,75% ao ano
da Sucursal de Brasília
O Banco Central elevou ontem
os juros básicos da economia de
29,75% para 49,75% anuais em
uma nova tentativa para cessar a
fuga de dólares do país.
A nova taxa foi divulgada às
22h25 de ontem, após reunião extraordinária do Copom (Comitê
de Política Econômica) do BC.
O comitê promoveu o novo choque de juros elevando a Tban (Taxa de Assistência do BC), que remunera a única linha de empréstimos aos bancos em vigor neste
mês.
A TBC (Taxa Básica do BC) continua fixada em 19% anuais, mas
atualmente essa taxa não vem sendo usada pelo BC.
Foi o segundo aumento de juros
promovido pelo governo em menos de uma semana. Na tarde de
ontem, o presidente Fernando
Henrique Cardoso havia dito que
os juros não iriam subir "para satisfazer a uma ganância".
Na sexta passada, o BC aumentou os juros de 19% anuais para
29,75%, ao suspender até 30 de setembro os empréstimos aos bancos pela linha de assistência remunerada pela TBC. O aumento de
juros, porém, não conseguiu estancar a fuga de dólares.
Com a alta promovida ontem, os
juros ficaram mais altos que em
outubro do ano passado, quando
o governo dobrou as taxas básicas
pra enfrentar a crise asiática. Naquela ocasião, os juros foram fixados em 43% anuais.
A nova alta de juros procura desestimular o envio de dólares ao
exterior por brasileiros e atrair capitais estrangeiros ao país.
O Banco Central divulgou um
comunicado afirmando que a mudança dos juros foi feita "tendo
em vista os reflexos da crise financeira internacional e visando a
preservar os ganhos conquistados
com o plano de estabilização"
O diretor de Política Monetária
do Banco Central, Francisco Lopes, havia dito pela manhã que o
governo não deveria aumentar a
taxa de juros. Também afirmou
que o governo não pretende adotar nenhum tipo de controle cambial para dificultar a saída de recursos estrangeiros do Brasil.
"Acredito convictamente que
não será necessário aumentar a
Tban (Taxa de Assistência do BC).
Mas o BC não pode nunca antecipar o futuro e fazer qualquer tipo
de compromisso sobre a política
monetária. Nosso compromisso é
com a defesa da estabilidade",
afirmou Lopes.
Ele disse ainda que "não adianta
exagerar na dosagem". "Se você
toma um remédio para uma infecção, você tem de tomar o antibiótico na dosagem certa. Não adianta tomar três pílulas antibióticas
porque, provavelmente, vai ter
um monte de efeitos colaterais
desnecessários".
Lopes afirmou que a primeira
elevação dos juros básicos da economia, anunciada na semana passada, teria reduzido a saída de recursos do país. "Antes da medida,
havia saídas fortes no flutuante
mostrando certo pânico e atitudes
defensivas", disse, acrescentando
que a evasão de divisas teria caído.
Segundo ele, as reservas internacionais perderam em média R$
400 milhões por dia na terça e na
quarta-feira. Mesmo assim, as reservas estariam (ontem pela manhã) em US$ 55 bilhões.
"A perda de reservas está perdendo velocidade nesta semana",
afirmou o diretor do BC, antes de
cerca de US$ 2 bilhões deixarem o
país ao longo do dia.
Questionado se o governo faria
algum tipo de controle para evitar
a saída de dólares, Lopes afirmou:
"Achamos que os controles de
câmbio têm de ser feitos na entrada, e não na saída."
"Há 'players' (investidores) no
mercado que apostam contra, que
têm interesse em criar pânico. Mas
temos parceiros que ficam do nosso lado e quem ficar contra vai
perder dinheiro", afirmou Lopes.
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