São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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CLIMA

"Mercados perderam o juízo", diz operador

ANA FLORENCE
da Reportagem Local

Foi um dia em que os operadores da Bolsa de Valores perderam todas as apostas.Estimavam uma manhã não tão turbulenta. O mercado, no entanto, só acumulou baixas. Falavam em uma leve recuperação no meio da tarde. Não houve nenhuma. Duvidavam de uma queda de 15,82% no índice Bovespa no fechamento do pregão. Erraram de novo."Estamos vivendo uma crise pior do que a de outubro do ano passado (auge da crise asiática). Mais drástica que a do Plano Collor e qualquer outra turbulência que já tivemos", disse o operador Laércio dos Santos.Os 450 operadores da Bolsa de Valores de São Paulo, funcionários que ganham em média R$ 2,5 mil para negociar milhões, não conseguiram, desta vez, fazer previsões."Os mercados perderam o juízo", "o buraco é grande", "o chão era mais baixo" foram frases ouvidas nos corredores da casa, entre as pausas forçadas do pregão e o tradicional intervalo para o almoço."Não há comprador. Fiquei o dia inteiro numa roda e não consegui nada", disse o operador Wilson Oliveira Filho, antes do "segundo round" de negociações do pregão."Não temos parâmetros. Não é possível fazer previsões para o futuro", pontuou o operador Roney Albert, desanimado com o resultado de ontem.Ainda que não negociem com o seu próprio dinheiro, qualquer erro na operação pode significar um prejuízo.Isolados em um corredor informatizado, os pequenos investidores autônomos também estavam desanimados. O alemão Hanz Braune, há 30 anos no Brasil, estava assustado. "Uma queda desta em Bolsas no exterior seria o fim do mundo. Aqui parece até normal", disse Braune, executivo aposentado e há três anos operando como autônomo na Bolsa.O advogado João Spanolli de Oliveira, que nas horas vagas é um pequeno investidor, estava pessimista: "Estava certo de que as ações tinham batido no piso. Errei", disse.Oliveira não era o único com palpite errado.



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