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MERCADO TENSO
Mercados caem 13,3% na Argentina e 9,8% no México, levadas pelas baixas em Nova York e no Brasil
Bolsas latino-americanas vivem pânico
das agências internacionais
As Bolsas latino-americanas viveram um dia de pânico ontem,
arrastadas pelas quedas em Nova
York e no Brasil. Várias, como as
de Buenos Aires e do México, tiveram sua pior baixa no ano.
Além das Bolsas brasileiras, o
pior resultado foi o do mercado de
Buenos Aires. O índice Merval fechou com baixa de 13,3%.
A queda foi apenas dois pontos
menor que o patamar de 300, o recuo recorde em pontos da Bolsa,
que ocorreu na época do "efeito
tequila" (1995), a crise mexicana
que abalou o mercado argentino
mais que qualquer outro.
A aprovação da reforma tributária pelo Congresso, anteontem à
noite, não foi suficiente para segurar os investidores no país.
Em entrevista depois da "quinta-feira negra", o presidente da
bolsa portenha, Eugenio de Bary,
procurou diferenciar a Argentina
do Brasil. "Não pensamos em feriado ou em suspender as operações. O Brasil é uma coisa. A Argentina é outra", afirmou Bary.
"Não via uma queda assim desde o "efeito tequila'. Os investidores estão ressarcindo na América
do Sul as perdas que têm na Ásia,
sem diferenciar os países daqui."
Depois de reunião de gabinete
com o presidente Carlos Menem,
o ministro da Economia, Roque
Fernández, afirmou ontem que a
Argentina não apresenta problemas econômicos.
Moeda enfraquecida
No México, a queda de 9,82% na
Bolsa acompanhou uma disparada do dólar em relação ao peso. A
moeda mexicana voltou a cair para um recorde histórico, fechando
a 10,54 por dólar, contra 10,32 da
véspera. Neste ano, o peso já perdeu 23,55% de seu valor.
As medidas adotadas pelas autoridades do país, que enxugaram a
quantidade de pesos no mercado e
elevaram as taxas de juros, não
frearam os efeitos da crise financeira internacional no país.
Nem mesmo a intervenção no
mercado de câmbio foi capaz de
deter a queda do peso. O banco
central mexicano teve de oferecer
uma quantidade maior de dólares
que o habitual -as intervenções
são frequentes no país.
Com isso, conseguiu reduzir as
perdas. No momento da intervenção, a moeda mexicana estava
sendo vendida a 10,9 por dólar,
valor tido como "inaceitável".
O diretor de análise do Centro de
Análises e Projeções Econômicas
do México, César Castro Quiroz,
afirmou que, ao ritmo atual, o peso pode ser cotado a até 11 por dólar no final do ano, enquanto os
juros chegariam a 45%.
"Nesta turbulência, a primeira
variável que nos preocupa é onde
vai parar o dólar, e, a partir daí,
como ficam as taxas de juros e a
inflação", disse.
A Bolsa de Santiago, no Chile,
também recuou fortemente, com
queda de 7,38%. No caso chileno,
um fator negativo adicional foi o
anúncio oficial de novas reduções
de gastos, que podem levar a uma
redução de US$ 1,6 bilhão no ingresso de divisas no país.
Em Caracas, na Venezuela, a
queda foi de 4,48%, levando o
principal índice do mercado a seu
menor nível histórico em pontos,
de 2.694,7. Com isso, neste ano a
Bolsa acumula 78,98% de queda.
O mercado não se animou o
anúncio do primeiro dos oito decretos presidenciais que o presidente venezuelano, Rafael Caldera, promulgará segundo os poderes especiais outorgados pelo
Congresso, na semana passada.
A lei prevê a emissão de US$ 1,4
bilhão em títulos do governo para
refinanciar a dívida pública externa e interna, que está em mais de
US$ 26 bilhões. Para pagar os juros da dívida, a Venezuela gasta
US$ 4,7 bilhões anualmente.
Colaborou
Augusto Gazir, de Buenos Aires
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