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Pãozinho deve custar até R$ 0,30
DA REPORTAGEM LOCAL
No setor de industrializados,
um dos destaques no aumento
dos preços ficou para os derivados do trigo. A alta do cereal no
mercado externo, associada à
quebra de safra interna em relação às previsões iniciais, se propagou para vários itens. As padarias,
que pagavam R$ 30 pela saca de
farinha no início do segundo semestre, agora pagam até R$ 72.
Henrique Pereira, sócio-proprietário do Palácio do Pão, de
Santo André (SP), diz que essa situação levou as padarias a praticar preços suicidas. Além dos custos da farinha, o setor teve aumentos acentuados na energia
elétrica e na água. O dissídio da
categoria será no próximo mês, o
que trará mais pressão.
Para Boaventura dos Santos
Antônio, da Boulevard, de Higienópolis (SP), o setor vive momentos difíceis. "É uma pena se voltarmos aos tempos de inflação galopante", diz ele.
O pãozinho, que está próximo
de R$ 0,20 por unidade, deve subir para R$ 0,30. A alta do trigo
forçará novos repasses para a farinha nos supermercados, para as
pizzas e para os biscoitos.
A boa notícia no setor é que os
preços pararam de subir nos moinhos. Lawrence Pih, do Moinho
Pacífico, diz que, após as eleições,
o dólar deverá cair. Além disso, a
safra argentina começa a partir de
dezembro. O trigo dobrou de preço, em dólar, neste ano no mercado externo, diz Pih.
Óleo de soja
Outro destaque no setor foram
os preços do óleo de soja, que
também tiveram forte aumento
neste ano. Pode haver novos repasses, mas com intensidade menor. A embalagem de óleo de soja
(900 ml) já supera R$ 2 nos supermercados paulistas. No início do
ano estava a R$ 1,30.
A alta do produto no mercado
interno segue a tendência do externo. Há grande procura por soja
em grãos e por óleo no mercado
internacional, o que puxou os
preços para cima. A margarina,
feita à base de gorduras vegetais,
acompanha os preços do óleo.
O café, que vinha com preços
decrescentes até agosto, mudou
de rota e deve ser outro produto a
pesar no bolso do consumidor.
Há dois meses, as indústrias pagavam R$ 107 pela saca de café de
boa qualidade e R$ 67 pela do de
menor qualidade. Hoje, os preços
estão em R$ 145 e R$ 95, respectivamente, diz Nathan Herszkowicz, do Sindicafé.
Ele diz que, quando a matéria-prima caiu, as indústrias repassaram a baixa para os consumidores. Agora, vão começar os repasses para cima. O quilo de café tradicional, que está em R$ 4,30 nos
supermercados, poderá chegar a
R$ 6,20 no final do ano. Mesmo
assim, os valores vão ficar abaixo
dos R$ 7,20 do início do Real, diz.
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