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CAPITALISMO SELVAGEM
Levantamento em cartórios de SP revela nova moda
Pais dão nome de produtos a bebês
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi por causa de alguns italianos
que Adria Alves Ribeiro, 30, dona-de-casa, não foi batizada pela
mãe com o popular nome Patrícia. No lugar foi escolhido o mesmo nome da cinqüentenária empresa européia de macarrão e biscoitos Adria. "Na hora do registro, um grupo de italianos que estava no cartório sugeriu a palavra
e minha mãe gostou da idéia", diz
ela. "Mas isso não me incomoda".
O caso da brasileira com nome
de empresa multinacional não é
único. Levantamento realizado
em cartórios civis do interior de
São Paulo e da capital paulista
-cruzado com dados do Departamento de Seguro Social dos
EUA- revela um crescimento no
número de registros de crianças
com nomes de companhias, marcas e produtos vendidos em lojas.
Isso ocorreu no Brasil e nos EUA.
Segundo dados da empresa
Certifixe -à qual são associados
cartórios de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e cidades do
Nordeste-, cresceu o número de
famílias registrando os filhos como Bonna (margarina da Ceval),
Eno (antiácido da GlaxoSmithKline), Adria e Ariel (sabão em pó
da Procter & Gamble).
No caso, por exemplo, do Adria,
dez anos atrás-de janeiro de
1992 a julho de 1993- ninguém
havia sido registrado com esse
nome. Mas de 2002 a 2003, três
pessoas escolheram a palavra como prenome.
Em relação ao nome Bonna, os
primeiros registros começaram a
aparecer a partir de 2002. Assim
como a marca Gillette, da multinacional americana de mesmo
nome. Antes, não eram usados.
Nessa pesquisa, foram analisados 62.681 registros em 2002 e
2003 e, destes, 6.802 eram nomes
incomuns, segundo a Certifixe. A
empresa possui dados de 19 cartórios no país.
Nos EUA, nomes que nem sequer apareciam na lista dos preferidos para os bebês - a seleção
inclui mil nomes- já têm centenas de adeptos.
Conforme informou nesta semana a "Brand Republic", site especializado em mídia e publicidade, a marca Lexus, da Toyota, emprestou o seu nome para 311 meninas no ano passado.
Da mesma forma, a champanhe
Cristal -cuja garrafa chega a custar quase R$ 600- deu nome a
479 bebês nascidos naquele país.
Ainda fazem parte dos preferidos
dos americanos as marcas Armani e Chanel.
Fora dessa lista dos nomes mais
usados atualmente estão ainda
Porsche, Timberland, Evian, Fanta, Guiness e Nivea.
Legislação
Aquele que for registrar o bebê
com nome inusual, pode ter problemas, no entanto. Os oficiais de
cartório civil "não precisam registrar prenomes que podem expor
ao ridículo os seus portadores",
informa a Lei de Registros Públicos (6.015/73).
"A gente usa o nosso bom senso
e tenta convencer a família de que
aquele nome não é uma boa idéia,
que pode atrapalhar a vida da
criança. Mas tem gente teimosa,
que não muda de idéia", diz Marcelo dos Santos, que trabalha da
área de emissão de certidão de
nascimento no 2º Cartório Civil
de São Paulo.
De acordo com a lei, se os pais
não se conformarem com a recusa do oficial do cartório, este pode
submeter por escrito o caso à decisão do juiz, que autoriza ou não
a escolha.
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