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TCU manda rever contrato antigo de estrada
Concessões fechadas no primeiro mandato de FHC devem ser revistas, devido aos baixos pedágios do leilão de anteontem
Pela determinação, devem ser analisadas concessões para NovaDutra, Ponte Rio-Niterói, CRT e Concepa e ver se é possível baixar pedágio
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob o impacto dos baixos valores de pedágios fixados na
véspera na segunda etapa do
programa de concessão de rodovias federais, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou ontem que os contratos
da primeira etapa de privatização de rodovias, celebrados no
primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sejam reavaliados pela
ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres).
Representação proposta pelo
ministro Ubiratan Aguiar determina que a agência reguladora verifique, em 30 dias, a situação dos contratos com as
concessionárias NovaDutra,
CRT, Ponte Rio-Niterói e Concepa e eventualmente reduza o
valor do pedágio cobrado nos
primeiros 854,5 quilômetros
de rodovias privatizadas.
Aguiar sustenta que há indícios de desequilíbrio econômico-financeiro nos primeiros
contratos, com "lucros extraordinários aos concessionários",
sobretudo pelas taxas de remuneração que eles obtiveram para seus investimentos nas primeiras rodovias privatizadas,
bem superiores às definidas anteontem.
"A rentabilidade anual referente aos trechos concedidos
nessa segunda etapa do programa foi fixada em 8,95%, após
todos os ajustes efetuados pelo
poder concedente, em cumprimento a determinações do
TCU. Ainda assim, todos os trechos foram leiloados com expressivos deságios sobre as tarifas máximas de pedágio", argumenta nota divulgada ontem
à noite pelo tribunal.
"Ocorre que, para os contratos atualmente em vigor, as taxas internas de retorno estão fixadas entre 17% e 24% ao ano, o
que evidencia o forte desequilíbrio devido aos níveis de rentabilidade atualmente exigidos
pelo mercado em um cenário
de economia estável, como o
atual", continua a nota.
Menos de R$ 1
Num dos trechos ganhos pela
espanhola OHL, na BR-381, entre Belo Horizonte e São Paulo,
o pedágio proposto no leilão
não chega a R$ 1. O deságio em
relação à tarifa máxima fixada
para o leilão superou 65%.
A tarifa média cobrada atualmente nas rodovias privatizadas na década passada é de R$
7,50 a cada cem quilômetros. O
valor é ainda mais elevado nas
rodovias paulistas.
A revisão das tarifas é defendida há tempos por transportadores de cargas.
Ontem à noite, a ANTT não
se manifestou sobre a decisão
do TCU. Segundo avaliação
preliminar feita no governo,
não se cogita de alteração unilateral nas margens de lucro
das concessionárias de rodovias federais, apurou a Folha.
Eventuais mudanças nas
condições dos contratos antigos dependerão de negociação
ou estarão sujeitas a disputa judicial, a exemplo do que aconteceu no Paraná, onde o governador Roberto Requião tentou
reduzir, sem sucesso, os preços
dos pedágios cobrados em estradas privatizadas no Estado.
Economia
Além de sugerir revisão nos
preços de pedágios das primeiras rodovias federais privatizadas, o TCU contabilizou uma
economia de R$ 19,6 bilhões no
período de 25 anos das novas
concessões em decorrência da
atuação do tribunal.
Para corrigir falhas nos cálculos apresentados inicialmente pelo governo na segunda etapa de privatizações, o tribunal
determinou redução entre
3,88% e 43,48% nas tarifas máximas propostas do leilão realizado anteontem.
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