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Reunião de emergentes pode ser "ponto de virada", diz Merrill Lynch
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Para economistas do banco
americano Merrill Lynch, a
reunião de países emergentes
hoje, em Washington, poderá
ser um "ponto de virada" na crise, em um momento em que essas nações "estão sendo testadas, pela primeira vez, como
credores do mundo".
"Os papéis se inverteram. Os
países emergentes, que antes
eram os grandes causadores de
problema no mundo, agora são
os credores. Eles acumularam
US$ 9 trilhões nos últimos anos
para um dia chuvoso e agora esse dia chegou", disse Alex Patelis, chefe de economia internacional do banco, em videoconferência com jornalistas.
Participarão do encontro, na
sede do Fundo Monetário Internacional, emergentes como
Brasil, Índia, China, Turquia,
Rússia e África do Sul, ao lado
do G-7, o grupo dos sete países
mais ricos do mundo (EUA, Canadá, Japão, Reino Unido, Alemanha, França e Itália).
Patelis, que aposta que esses
dólares ajudem a desafogar os
países ricos, diz que se desfazer
de reservas é um bom negócio
para os bancos centrais de países em desenvolvimento. "O
Brasil acumulou bilhões de dólares em reservas em câmbio
forte [com real valorizado]. Na
perspectiva do Banco Central
brasileiro, é bom negócio vender dólares agora."
O economista Daniel Tenengauzer, também do Merrill
Lynch, disse que estava "surpreso em como o Brasil demorou tanto para tomar atitudes
sobre a crise, agindo depois de
China, Índia e Rússia", mas
que, após analisar melhor, entendeu a "cautela" das autoridades em intervir apenas quando havia percepção melhor de
que efeitos a crise poderia ter
localmente. Ambos dizem ver o
Brasil em boa situação para
atravessar a crise e, para Patelis, as atitudes do Banco Central brasileiro visarão "neutralizar" os efeitos antagônicos
"da crise e da explosão do consumo doméstico", buscando
um ponto de equilíbrio.
Para Patelis e Tenengauzer, o
efeito de valorização mundial
do dólar, bastante expressivo
no Brasil, tenderá a se inverter
após mais "duas ou três semanas" em alta. "Os bancos centrais foram extremamente
agressivos na semana passada,
mas leva algum tempo para que
suas ações tenham impacto na
economia", diz Tenengauzer.
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