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Lula deve prorrogar a desoneração de fogão e geladeira
Ampliação da isenção do IPI da linha branca proporciona ganho político ao governo, na avaliação do presidente
Produtos da linha branca responderam por 11,3% das vendas de bens duráveis de janeiro a julho, ante 8,8% no mesmo período de 2008
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula deverá
prorrogar até o final do ano a
isenção do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) para a chamada linha branca -fogões, geladeiras, máquinas de
lavar e similares.
Segundo a Folha apurou, o
presidente quer permitir que
os consumidores usem o 13º
salário para comprar esses
equipamentos com a "sensação
de ganho" devido à isenção do
IPI. Este benefício é válido até
o final deste mês.
Na avaliação do presidente, a
prorrogação traria ganho político ao governo. Lula deseja
que seja bom o Natal do ano da
maior crise econômica de seus
dois mandatos. Seria uma forma de confirmar o discurso público de que o país venceu a crise e ajudaria a vitaminar o crescimento econômico do ano.
Para o governo, é importante
que o PIB de 2009 seja positivo. A estimativa do governo é
de crescimento de 1%. O mercado prevê algo menor, mas
positivo. Lula gostaria de superar as expectativas.
No primeiro semestre, na fase mais aguda da crise no Brasil, havia previsão de encolhimento da economia. Na opinião de Lula, a isenção do IPI
para a compra de automóveis e
para a linha branca ajudou a
evitar demissões e aqueceu a
economia. O consumo das famílias tem sido o grande motor
da economia nos últimos anos
e, sobretudo, em 2009.
No Ministério da Fazenda,
ainda há argumentos contrários à prorrogação, mas Lula
pretende ignorá-los. Argumenta-se na Fazenda que a revelação da Folha de que o governo
atrasa o pagamento da restituição do IR (Imposto de Renda)
das pessoas físicas exibiu uma
fragilidade fiscal importante.
Prorrogar o IPI significaria
abrir mão de mais receita.
Lula, porém, avalia que o estrago político do tema restituição do IR já aconteceu. Mais: o
presidente diz acreditar que os
ganhos político e econômico do
IPI, transmitindo sensação de
bem-estar e aquecendo a economia, são maiores do que a
eventual perda de receita.
Na área técnica da Fazenda,
aventa-se uma fórmula semelhante à dos carros. A isenção
valeu até o fim de setembro e
vem sendo reduzida paulatinamente no quarto trimestre.
Lula não gosta da ideia. Disse, em conversa reservada, que
os mais pobres são os mais beneficiados pela isenção do IPI
para a linha branca. Afirmou
ainda que a classe média ganhou um prêmio com a isenção
do IPI para carros e, portanto,
seria uma questão de justiça a
extensão para a linha branca.
Adotada para vigorar de abril
a junho, com perda de
R$ 264 milhões na arrecadação, a isenção do IPI dos produtos da linha branca foi prorrogada até o final deste mês.
Entre janeiro e julho deste
ano, os produtos da linha branca responderam por 11,3% das
vendas de bens duráveis, ante
8,8% no mesmo período de
2008, segundo dados da empresa de pesquisa GfK Brasil.
De acordo com a pesquisa, as
vendas de geladeiras e máquinas de lavar roupa subiram,
respectivamente, 7,2% e 3%.
Parte da expansão se deve à redução do IPI para a linha branca no período, segundo a GfK.
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