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JORGE GERDAU JOHANNPETER
O peso da bagagem
O brasileiro compete com
34 quilos nas costas; o russo, com 24; o coreano, com 27;
e o mexicano, com 28 quilos
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O DEBATE sobre a prorrogação
da CPMF (Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira) por mais quatro
anos, apesar de necessário, revela
apenas uma pequena parte do desafio que o país precisa enfrentar urgentemente: a reforma tributária.
Segundo levantamento da KPMG, o
Brasil vem perdendo competitividade desde 1997 e possui uma das
maiores cargas tributárias entre os
novos competidores internacionais,
dos quais fazem parte países do Leste Europeu e da Ásia.
Para exemplificar a gravidade da
situação, convido o leitor a fazer
uma analogia simples. Imagine que
você irá participar de uma caminhada de cinco quilômetros com uma
mochila de 34 quilos nas costas. Porém você competirá com um russo,
que carrega uma mochila de 24 quilos; um irlandês, que leva 12 quilos;
um coreano, que carrega 27 quilos; e
um mexicano, que leva 28 quilos.
Não há dúvida de que aquele que tiver a mochila mais leve deverá ser o
vencedor.
Pergunto ao leitor: quantos quilos
o Brasil deve carregar nos próximos
10 a 20 anos? Cabe ao Congresso e à
sociedade como um todo definir um
teto para a carga tributária -que deveria ser de, no máximo, 30% do PIB
(Produto Interno Bruto). Além disso, nos próximos dez anos devem ser
construídos patamares mais condizentes com a nossa realidade e o cenário mundial. Uma reforma tributária, voltada para a desoneração da
economia, é fundamental para elevar o volume de investimentos e
ampliar os níveis de desenvolvimento econômico e social. Em relação à
CPMF, é preciso fazer o mesmo, ou
seja, estabelecer uma redução gradativa de sua alíquota.
O problema é que, historicamente, governos fogem do debate e buscam financiar necessidades emergenciais com mais tributos. Não podemos admitir que a carga tributária
continue subindo no país, nem a
existência de obrigações ou promessas impossíveis de serem cumpridas, as quais foram estabelecidas pela nossa Constituinte.
É interessante observar também
que os brasileiros desconhecem o
quanto pagam de tributos ao consumir produtos e serviços, pois os valores são embutidos nos preços, resultado de uma relação desonesta do
sistema para com os consumidores.
Nos Estados Unidos, quando um
produto é adquirido, o preço é apresentado sem os tributos, que são adicionados no momento em que a
mercadoria é paga. A carga tributária de um automóvel no Brasil, por
exemplo, é de 30%, ou seja, se o veículo custa R$ 30 mil, cerca de R$
9.000 correspondem a tributos. Na
realidade, o custo com tributos sobre o valor do automóvel é ainda
maior caso seja considerado o efeito
cascata dos mesmos.
Retomo, neste momento, a discussão sobre a reforma tributária
porque reduzir a carga dos tributos
aumenta as condições competitivas
do país no mercado global, e o peso
da mochila é um sinal do seu grau de
eficiência e é determinante na disputa por investimentos e na geração
de mais empregos. A CPMF é uma
oportunidade imperdível para a redução gradual da carga tributária.
JORGE GERDAU JOHANNPETER , 70, é presidente do conselho de administração do grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.
jorge.gerdau@gerdau.com.br
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