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Governo federal deverá socorrer empresas do setor de motos com injeção de R$ 1 bi
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo prepara uma ajuda de cerca de R$ 1 bilhão para
socorrer o setor de motocicletas. A idéia, conforme apurou a
Folha, é que o dinheiro, assim
como foi feito com as montadoras de automóveis, seja repassado a bancos especializados
no financiamento de motos para repor parte do crédito que
secou com a crise financeira.
Na apresentação que fez na
semana passada a empresários
e sindicalistas no Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social, no Palácio do Planalto, o
ministro Guido Mantega (Fazenda) incluiu o "financiamento de motos" entre as novas
medidas anunciadas para tentar evitar um desaquecimento
acentuado da economia.
O governador do Amazonas,
Eduardo Braga (PSB-AM), esteve com Mantega para tratar
do assunto. Em entrevista publicada no site do governo estadual, Braga diz que o governo
federal também estuda redução no IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) nos financiamentos de motocicletas.
A equipe econômica ainda
não sabe como viabilizará a nova linha de financiamento. Há
dois problemas. O primeiro,
que esse tipo de empréstimo é
pulverizado e de mais baixo valor que nos carros. O segundo,
que é mais arriscado, pois as
vendas se concentram em pessoas com renda mais baixa.
Isso dificulta o repasse do dinheiro por meio da compra de
carteiras de crédito por bancos
estatais. No caso de automóveis, o Banco do Brasil ficou
responsável por repassar às
instituições ligadas a montadoras até R$ 4 bilhões.
No caso das motos, a avaliação é que seria difícil para o BB,
que tem ações negociadas em
Bolsa, fazer esses empréstimos
por causa do risco. Não está
descartado que a Caixa Econômica Federal, que é integralmente da União, opere a linha.
O ritmo de crescimento da
produção de motocicletas até
setembro era de 29,5% em relação aos primeiros nove meses
de 2007. As vendas cresceram
4,1% em relação a agosto. Mas,
com a chegada da crise financeira, o quadro mudou.
Em outubro, a produção caiu
26% em relação a setembro e
quase 10% na comparação com
outubro de 2007. Já as vendas
recuaram 25% em relação a outubro passado. Três das maiores fabricantes de motocicletas
-Honda, Yamaha e Dafra- deram férias coletivas de dez dias
em suas fábricas na Zona Franca de Manaus (AM).
"A demanda continua alta,
mas houve restrição de financiamento. A taxa de juros subiu,
os bancos passaram a fazer
uma análise mais rigorosa na
concessão de crédito e a exigir
entradas de 20% a 30% do valor
da motocicleta", afirmou
Moacyr Alberto Paes, diretor-executivo da Abraciclo (entidade que reúne os principais fabricantes de motos no Brasil).
Até então, os bancos aceitavam que os compradores comprometessem até 33% da renda
com a prestação, e a entrada
exigida era de, no máximo, 10%
do preço, segundo a Abraciclo.
Para Paes, a criação de uma
linha especial de financiamento teria impacto relevante nas
vendas do setor. "Essa injeção
de recursos pode ser importante, mas é preciso fazer com que
esses recursos sejam realmente
direcionados ao financiamento. Os bancos precisam prestar
conta do uso ao BC", disse ele.
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