São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2008

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Governo federal deverá socorrer empresas do setor de motos com injeção de R$ 1 bi

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo prepara uma ajuda de cerca de R$ 1 bilhão para socorrer o setor de motocicletas. A idéia, conforme apurou a Folha, é que o dinheiro, assim como foi feito com as montadoras de automóveis, seja repassado a bancos especializados no financiamento de motos para repor parte do crédito que secou com a crise financeira.
Na apresentação que fez na semana passada a empresários e sindicalistas no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, o ministro Guido Mantega (Fazenda) incluiu o "financiamento de motos" entre as novas medidas anunciadas para tentar evitar um desaquecimento acentuado da economia.
O governador do Amazonas, Eduardo Braga (PSB-AM), esteve com Mantega para tratar do assunto. Em entrevista publicada no site do governo estadual, Braga diz que o governo federal também estuda redução no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nos financiamentos de motocicletas.
A equipe econômica ainda não sabe como viabilizará a nova linha de financiamento. Há dois problemas. O primeiro, que esse tipo de empréstimo é pulverizado e de mais baixo valor que nos carros. O segundo, que é mais arriscado, pois as vendas se concentram em pessoas com renda mais baixa.
Isso dificulta o repasse do dinheiro por meio da compra de carteiras de crédito por bancos estatais. No caso de automóveis, o Banco do Brasil ficou responsável por repassar às instituições ligadas a montadoras até R$ 4 bilhões.
No caso das motos, a avaliação é que seria difícil para o BB, que tem ações negociadas em Bolsa, fazer esses empréstimos por causa do risco. Não está descartado que a Caixa Econômica Federal, que é integralmente da União, opere a linha.
O ritmo de crescimento da produção de motocicletas até setembro era de 29,5% em relação aos primeiros nove meses de 2007. As vendas cresceram 4,1% em relação a agosto. Mas, com a chegada da crise financeira, o quadro mudou.
Em outubro, a produção caiu 26% em relação a setembro e quase 10% na comparação com outubro de 2007. Já as vendas recuaram 25% em relação a outubro passado. Três das maiores fabricantes de motocicletas -Honda, Yamaha e Dafra- deram férias coletivas de dez dias em suas fábricas na Zona Franca de Manaus (AM).
"A demanda continua alta, mas houve restrição de financiamento. A taxa de juros subiu, os bancos passaram a fazer uma análise mais rigorosa na concessão de crédito e a exigir entradas de 20% a 30% do valor da motocicleta", afirmou Moacyr Alberto Paes, diretor-executivo da Abraciclo (entidade que reúne os principais fabricantes de motos no Brasil).
Até então, os bancos aceitavam que os compradores comprometessem até 33% da renda com a prestação, e a entrada exigida era de, no máximo, 10% do preço, segundo a Abraciclo.
Para Paes, a criação de uma linha especial de financiamento teria impacto relevante nas vendas do setor. "Essa injeção de recursos pode ser importante, mas é preciso fazer com que esses recursos sejam realmente direcionados ao financiamento. Os bancos precisam prestar conta do uso ao BC", disse ele.


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