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Decisão afetará crescimento, diz indústria
Para CNI e Fiesp, Copom deveria ter reduzido os juros, assim como fizeram EUA e Europa; Força afirma que manutenção é um "desastre"
Para Fecomercio SP,
Copom poderia ter cortado
taxa em até quatro pontos,
mas se faz "de cego"
diante do risco de recessão
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes da indústria,
do comércio e dos trabalhadores criticaram a decisão do Copom de manter a taxa básica de
juros em 13,75% ao ano. A decisão, dizem, vai afetar o crescimento do país em 2009 e trazer
prejuízos ao emprego e à renda.
Para Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (confederação da indústria), o comitê
deveria ter alterado a dinâmica
da política monetária do Brasil,
assim como fizeram outros países. "A perda de intensidade da
atividade econômica, em virtude dos efeitos da crise financeira internacional e das dificuldades do mercado de crédito,
justificaria plenamente uma
ação nesse sentido."
De acordo com a CNI, há importantes razões para promover uma queda nos juros. "A
economia mundial passa por
um forte momento deflacionário, com amplo impacto nos
preços em escala mundial, e há
recuo na atividade interna, com
desaceleração nos preços e custos domésticos."
Em tom de ironia, Paulo Skaf,
presidente da Fiesp (federação
das indústrias paulistas), afirmou que, "desse jeito, já começo a sentir saudade de 2008", ao
se referir à manutenção da taxa
de juros. "O governo brasileiro,
ao insistir em não reduzir a Selic, coloca-se na contramão do
que países como Japão, Estados Unidos e outros da Europa
estão praticando: cortes drásticos nos juros para proteger emprego e renda". Segundo o empresário, "é absurdo manter a
taxa de juros em nível tão elevado, quando a inflação está
sob controle e precisamos lutar
para impedir que haja uma
queda brusca do crescimento".
Na avaliação de Abram Szajman, presidente da Fecomercio SP (federação do comércio),
o Copom ignora risco de contágio pela recessão mundial e se
faz "de cego" diante do risco de
recessão. "Pode-se dizer que,
mesmo parada, a Selic subiu até
2% nos últimos meses, em
comparação com os juros vigentes nos EUA e na Europa,
que têm sido drasticamente reduzidos pelos seus bancos centrais. Enquanto isso, o nosso
BC ignora o risco do contágio
pela recessão mundial e se
preocupa com o perigo mais
imaginário do que real da inflação", diz Szajman.
A Fecomercio avalia que,
além de aumentar o diferencial
entre os juros internos e externos, a manutenção da taxa envia para o mercado sinal contraditório das autoridades monetárias. "Por um lado, o BC libera o compulsório e insiste para que os bancos emprestem os
recursos, sem represar a liquidez; ao mesmo tempo e paradoxalmente, mantém elevada a
remuneração dos títulos de
curto prazo, o que desestimula
empréstimos ao setor privado."
Para a entidade, não seria desmedida um corte nos juros de
até quatro pontos percentuais.
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, diz que
juros de 13,75% são um "desastre" para a economia. "O governo não pode continuar com essa política que privilegia os especuladores em detrimento da
produção e o emprego. O somatório da crise com os juros em
patamares estratosféricos vai
prejudicar os trabalhadores
que lutam para manter seus
empregos."
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