São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Lula convoca empresários e faz crítica ao Banco do Brasil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado com um eventual aumento do desemprego e risco de retração econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou alguns dos principais empresários do país para um debate sobre a crise global, hoje, no Palácio do Planalto.
Nas palavras de subordinados, Lula quer ouvir de quem está "com a mão na massa" um relato sobre a situação e as expectativas do setor produtivo. Aproveitará para reforçar o compromisso do governo com medidas para debelar os efeitos da crise e fazer um apelo sobre o emprego.
O presidente tem criticado publicamente o que chama de "crise do pânico", temor antecipado que, segundo ele, tem feito com que as pessoas evitem o consumo.
O Planalto não divulgou até o início da noite de ontem a lista dos executivos que comparecerão à reunião, mas assessores disseram que os convites foram endereçados a representantes dos setores automotivo, da construção civil, da siderurgia e bancário, entre outros.
Ontem, os bancos voltaram a ser criticados, desta vez num almoço promovido por uma ONG em Brasília. Lula, de acordo com o relato de um empresário presente ao encontro, reclamou com o presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, do custo dos empréstimos.
"Como é que pode lá na ponta cobrar juros de 120%, de 70%?", disse Lula a Lima Neto, segundo este relato. O diretor-presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, Gabriel Jorge Ferreira, também estava na conversa. O presidente disse a ele, segundo relato de um participante, "não entender" o procedimento dos bancos -"a gente libera o compulsório e lá na ponta [o juro] continua tão alto. É incompreensível", teria dito Lula.
Questionado num evento no Planalto se o governo irá reduzir impostos -uma das alternativas levadas pela Fazenda a Lula como alternativa para aquecer a economia num momento de crise- o vice-presidente, José Alencar, mostrou-se receoso. "Isso tem de ser examinado levando em conta o fato de que não podemos brincar com o Orçamento. Nós precisamos cuidar do equilíbrio orçamentário e, sempre que houver condição, reduzir a carga tributária, sempre levando em conta que o Orçamento precisa ser equilibrado".
Para Alencar, o governo pode contribuir com a manutenção dos empregos ao garantir os investimentos públicos. "Para que haja investimento, estamos lutando há mil anos para que os juros caiam", complementou.
O vice-presidente foi evasivo ao comentar sobre a saúde financeira da empresa de sua família -a Coteminas. "A gente exporta mais para os Estados Unidos, e lá caiu muito. Mas o mercado interno brasileiro tem crescido, temos feito trabalhos de ajustes nacionais."


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