São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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Setor de ferro-gusa em MG está 80% paralisado

Já houve 3.000 cortes no setor, que emprega 20 mil

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O setor de ferro-gusa em Minas Gerais está quase todo paralisado em razão da crise internacional. Há 108 fornos para produção do gusa no Estado, e desse total apenas cerca de 20 não foram abafados. Ou seja, 80% do setor parou. A conseqüência imediata é que 3.000 demissões ocorreram no setor, que emprega 20 mil pessoas.
O presidente do Sindifer-MG (Sindicato da Indústria do Ferro do Estado de Minas Gerais), Paulino Cícero de Vasconcellos, ex-ministro das Minas e Energia, disse que é a pior crise no setor e que não existe perspectiva de mudança de quadro até o final de março.
"Apenas 20% dos fornos estão funcionando, e não temos encomendas para janeiro, fevereiro e março. A fonte secou."
Esse quadro foi apresentado ao governo de Minas anteontem por Vasconcellos e outros representantes do setor guseiro. Eles pedem ajuda especialmente em relação a crédito.
Disseram que, se a crise no setor persistir, será difícil manter os empregos. Estão em férias coletivas cerca de 1.500 trabalhadores. As empresas menores deverão ser as mais afetadas.
O ferro-gusa é a matéria-prima para a produção do aço. O setor em Minas Gerais produz principalmente para exportação e para o setor automotivo, sendo o setor de autopeças o principal comprador.
Os setores ferroviário, de infra-estrutura e de bens de capital são também compradores. Minas estava produzindo a um ritmo de 5,5 milhões de toneladas/ano.

Mais demissões
O Sindifer contabiliza 2.300 demissões na região de Sete Lagoas (80 km de Belo Horizonte), onde estão concentradas boa parte dessas indústrias. O sindicato informou também que cerca de 20 indústrias nas regiões centro-oeste e sudoeste também foram afetadas.
A Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais informou ontem que nas regiões centro-oeste e sudoeste ocorreram, desde o final de outubro, cerca de 700 demissões em empresas de siderurgia e fundição. O número está baseado nas homologações feitas nos sindicatos ligados à central sindical Conlutas. Seriam mais mil operários em férias coletivas nessas regiões.
Gilberto Gomes, coordenador da federação, disse não ser contra as empresas pedirem crédito aos governos estadual e federal, mas espera que os governantes exijam delas a manutenção dos empregos.
Vasconcellos afirmou que, além da crise de produção, o setor sofre com a drástica redução no preço da tonelada do gusa, que caiu de US$ 800, no mês de agosto, para pouco mais de US$ 300.


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