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Setor de ferro-gusa em MG está 80% paralisado
Já houve 3.000 cortes no setor, que emprega 20 mil
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO
HORIZONTE
O setor de ferro-gusa em Minas Gerais está quase todo paralisado em razão da crise internacional. Há 108 fornos para
produção do gusa no Estado, e
desse total apenas cerca de 20
não foram abafados. Ou seja,
80% do setor parou. A conseqüência imediata é que 3.000
demissões ocorreram no setor,
que emprega 20 mil pessoas.
O presidente do Sindifer-MG
(Sindicato da Indústria do Ferro do Estado de Minas Gerais),
Paulino Cícero de Vasconcellos, ex-ministro das Minas e
Energia, disse que é a pior crise
no setor e que não existe perspectiva de mudança de quadro
até o final de março.
"Apenas 20% dos fornos estão funcionando, e não temos
encomendas para janeiro, fevereiro e março. A fonte secou."
Esse quadro foi apresentado
ao governo de Minas anteontem por Vasconcellos e outros
representantes do setor guseiro. Eles pedem ajuda especialmente em relação a crédito.
Disseram que, se a crise no
setor persistir, será difícil manter os empregos. Estão em férias coletivas cerca de 1.500
trabalhadores. As empresas
menores deverão ser as mais
afetadas.
O ferro-gusa é a matéria-prima para a produção do aço. O
setor em Minas Gerais produz
principalmente para exportação e para o setor automotivo,
sendo o setor de autopeças o
principal comprador.
Os setores ferroviário, de infra-estrutura e de bens de capital são também compradores.
Minas estava produzindo a um
ritmo de 5,5 milhões de toneladas/ano.
Mais demissões
O Sindifer contabiliza 2.300
demissões na região de Sete Lagoas (80 km de Belo Horizonte), onde estão concentradas
boa parte dessas indústrias. O
sindicato informou também
que cerca de 20 indústrias nas
regiões centro-oeste e sudoeste
também foram afetadas.
A Federação Democrática
dos Metalúrgicos de Minas Gerais informou ontem que nas
regiões centro-oeste e sudoeste
ocorreram, desde o final de outubro, cerca de 700 demissões
em empresas de siderurgia e
fundição. O número está baseado nas homologações feitas nos
sindicatos ligados à central sindical Conlutas. Seriam mais mil
operários em férias coletivas
nessas regiões.
Gilberto Gomes, coordenador da federação, disse não ser
contra as empresas pedirem
crédito aos governos estadual e
federal, mas espera que os governantes exijam delas a manutenção dos empregos.
Vasconcellos afirmou que,
além da crise de produção, o setor sofre com a drástica redução no preço da tonelada do gusa, que caiu de US$ 800, no mês
de agosto, para pouco mais de
US$ 300.
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