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Exportações da China têm primeira queda desde 2001
Importações recuam 18%, o que reforça sinais de desaceleração da economia
Vendas externas caem
2,2% em novembro sobre
o
mesmo mês de 2007;
investimentos diretos
estrangeiros recuam 36,5%
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
As exportações chinesas caíram 2,2% em novembro, em relação ao mesmo mês do ano
passado, a primeira queda em
sete anos e meio.
As importações caíram
17,9%, o que revela o tamanho
da desaceleração da economia
do país -e reforça o pessimismo quanto à capacidade da economia chinesa de aliviar sozinha a recessão global.
Os dados foram divulgados
ontem pela Administração Geral de Alfândegas da China. A
queda anterior, em junho de
2001, foi de 0,6%, pouco após o
estouro da bolha das empresas
de internet.
Em relação a outubro, as exportações de novembro caíram
10,4%. Em outubro, as exportações ainda eram 19,2% maiores
que no mesmo mês do ano passado.
"Esses números são um choque, esperava-se que se desacelerasse, mas que só houvesse
queda em 2009", disse à Folha
o economista Ben Simpfendorfer, do Royal Bank of Scotland,
em Hong Kong.
"A exportação de eletrônicos
para o Natal foi bem afetada.
Ela vai por avião e é encaminhada no último trimestre. Os
cancelamentos de compradores americanos e europeus
cresceram muito."
Para o economista, brinquedos e têxteis, que são encaminhados por navio, são enviados
muito antes -e já sofreram
queda nas exportações em meses anteriores.
Ele estima que as exportações possam cair entre 10% e
15% no início de 2009.
A queda nos preços das commodities, as matérias-primas
que alimentam a industrialização da China, também colaborou na queda das importações.
Com a queda mais pronunciada das importações, o superávit comercial da China atingiu um recorde de US$ 40 bilhões, maior que os US$ 35,2
bilhões de outubro ou os US$
29,3 bilhões em setembro.
Para quem esperava que a
China fosse segurar sozinha a
reação à recessão mundial e
mantivesse seu apetite comprador, os números são desanimadores.
De janeiro a novembro, a
China exportou US$ 1,32 trilhão em bens e importou US$
1,06 trilhão. O superávit foi de
US$ 255,9 bilhões.
Mais números ruins
Os investimentos diretos estrangeiros (FDI) caíram
36,52% em relação a novembro
do ano passado. Foram de US$
5,3 bilhões, a menor marca em
14 meses.
Com a desaceleração da economia, a inflação dos preços do
produtor na China atingiu apenas 2%, a menor marca em dois
anos.
Ainda nesta semana devem
ser divulgados o desempenho
do PIB (Produto Interno Bruto) chinês em novembro e a
produção industrial -espera-se que os números apenas reforcem a tendência de desaceleração.
Os números negativos começaram a ser apresentados ontem, quando terminava a Conferência de Trabalho da Economia Central, que reúne os
maiores líderes do governo e do
Partido Comunista.
Manter o crescimento econômico e a geração de empregos são as maiores prioridades
do país, pelo que se divulgou ao
final da conferência.
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