São Paulo, quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exportações da China têm primeira queda desde 2001

Importações recuam 18%, o que reforça sinais de desaceleração da economia

Vendas externas caem 2,2% em novembro sobre o mesmo mês de 2007; investimentos diretos estrangeiros recuam 36,5%

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

As exportações chinesas caíram 2,2% em novembro, em relação ao mesmo mês do ano passado, a primeira queda em sete anos e meio.
As importações caíram 17,9%, o que revela o tamanho da desaceleração da economia do país -e reforça o pessimismo quanto à capacidade da economia chinesa de aliviar sozinha a recessão global.
Os dados foram divulgados ontem pela Administração Geral de Alfândegas da China. A queda anterior, em junho de 2001, foi de 0,6%, pouco após o estouro da bolha das empresas de internet.
Em relação a outubro, as exportações de novembro caíram 10,4%. Em outubro, as exportações ainda eram 19,2% maiores que no mesmo mês do ano passado.
"Esses números são um choque, esperava-se que se desacelerasse, mas que só houvesse queda em 2009", disse à Folha o economista Ben Simpfendorfer, do Royal Bank of Scotland, em Hong Kong.
"A exportação de eletrônicos para o Natal foi bem afetada. Ela vai por avião e é encaminhada no último trimestre. Os cancelamentos de compradores americanos e europeus cresceram muito."
Para o economista, brinquedos e têxteis, que são encaminhados por navio, são enviados muito antes -e já sofreram queda nas exportações em meses anteriores.
Ele estima que as exportações possam cair entre 10% e 15% no início de 2009.
A queda nos preços das commodities, as matérias-primas que alimentam a industrialização da China, também colaborou na queda das importações.
Com a queda mais pronunciada das importações, o superávit comercial da China atingiu um recorde de US$ 40 bilhões, maior que os US$ 35,2 bilhões de outubro ou os US$ 29,3 bilhões em setembro.
Para quem esperava que a China fosse segurar sozinha a reação à recessão mundial e mantivesse seu apetite comprador, os números são desanimadores.
De janeiro a novembro, a China exportou US$ 1,32 trilhão em bens e importou US$ 1,06 trilhão. O superávit foi de US$ 255,9 bilhões.

Mais números ruins
Os investimentos diretos estrangeiros (FDI) caíram 36,52% em relação a novembro do ano passado. Foram de US$ 5,3 bilhões, a menor marca em 14 meses.
Com a desaceleração da economia, a inflação dos preços do produtor na China atingiu apenas 2%, a menor marca em dois anos.
Ainda nesta semana devem ser divulgados o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) chinês em novembro e a produção industrial -espera-se que os números apenas reforcem a tendência de desaceleração.
Os números negativos começaram a ser apresentados ontem, quando terminava a Conferência de Trabalho da Economia Central, que reúne os maiores líderes do governo e do Partido Comunista.
Manter o crescimento econômico e a geração de empregos são as maiores prioridades do país, pelo que se divulgou ao final da conferência.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Saiba mais: País asiático é o terceiro destino dos produtos brasileiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.