|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Empresas têm interesse em negociar redução de jornada
MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local
O acordo de redução de jornada
de trabalho e salários entre as indústrias de autopeças e o Sindicato
dos Metalúrgicos de São Paulo
despertou o interesse de outras categorias patronais.
Diante da perspectiva de retração das vendas nos próximos meses, empresários já começam a cogitar solução semelhante à adotada pelo setor de autopeças.
"O acordo interessa muito",
disse à Folha Roberto Macedo,
presidente da Eletros (entidade
que reúne os fabricantes de produtos eletroeletrônicos).
Segundo o dirigente, as perspectivas para as vendas no primeiro
trimestre de 1998 não são favoráveis e as empresas, no retorno das
férias coletivas, podem demitir
funcionários.
"Redução de jornada e salários
para evitar demissões é uma alternativa diante da crise prevista",
disse Eduardo Capobianco, da
construtora Construcap.
O empresário, após ter sondado
o Sindicato dos Trabalhadores da
Construção Civil de São Paulo sobre a aceitação da proposta, pretende consultar seus funcionários
sobre o tema. "Temos equipes especializadas que seriam alvo desta
flexibilização", disse Capobianco.
Segundo Paulo Pereira da Silva,
o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo,
alguns representantes de sindicatos patronais estiveram presentes
nas negociações com o Sindipeças
anteontem, quando as bases do
acordo foram fechadas.
De acordo com o sindicalista, representantes da área de máquinas
e equipamentos e da área de fiação
elétrica e materiais ferrosos são os
principais interessados em começar a negociar a proposta.
"Estamos dispostos a negociar
se as entidades patronais nos procurarem", declarou.
O coordenador dos sindicatos da
área metalúrgica da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Ariovaldo Lunardi,
afirma que discussões sobre flexibilização da jornada e do salários
já vinham ocorrendo.
"A proposta é muito interessante, embora nenhuma empresa tenha manifestado oficialmente interesse em iniciar negociações",
afirmou o coordenador.
Segundo Lunardi, a maioria das
empresas do setor metalúrgico estão entrando em férias coletivas,
mas um acordo semelhante ao das
indústrias de autopeças pode ser
iniciado no início do próximo ano.
Acerto final
Ontem, os negociadores do acordo entre as indústrias de autopeças
e os metalúrgicos de São Paulo
acertavam os últimos detalhes do
texto, que deve ser assinado hoje.
A expectativa é que as empresas
solicitem adesão ao acordo a partir
da próxima semana.
Governo
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que
"provavelmente" o acordo entre a
Força Sindical e a indústria de autopeças foi o "melhor" nas circunstâncias atuais.
FHC elogiou as negociações diretas entre os patrões e empregados. "Parece muito bom que haja
uma relação direta -da velha luta
de sindicatos, da CUT e Força Sindical- entre empresários e trabalhadores", afirmou.
Colaborou a Sucursal de Brasília
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|