São Paulo, quinta, 11 de dezembro de 1997.




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresas têm interesse em negociar redução de jornada

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

O acordo de redução de jornada de trabalho e salários entre as indústrias de autopeças e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo despertou o interesse de outras categorias patronais.
Diante da perspectiva de retração das vendas nos próximos meses, empresários já começam a cogitar solução semelhante à adotada pelo setor de autopeças.
"O acordo interessa muito", disse à Folha Roberto Macedo, presidente da Eletros (entidade que reúne os fabricantes de produtos eletroeletrônicos).
Segundo o dirigente, as perspectivas para as vendas no primeiro trimestre de 1998 não são favoráveis e as empresas, no retorno das férias coletivas, podem demitir funcionários.
"Redução de jornada e salários para evitar demissões é uma alternativa diante da crise prevista", disse Eduardo Capobianco, da construtora Construcap.
O empresário, após ter sondado o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo sobre a aceitação da proposta, pretende consultar seus funcionários sobre o tema. "Temos equipes especializadas que seriam alvo desta flexibilização", disse Capobianco.
Segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, alguns representantes de sindicatos patronais estiveram presentes nas negociações com o Sindipeças anteontem, quando as bases do acordo foram fechadas.
De acordo com o sindicalista, representantes da área de máquinas e equipamentos e da área de fiação elétrica e materiais ferrosos são os principais interessados em começar a negociar a proposta.
"Estamos dispostos a negociar se as entidades patronais nos procurarem", declarou.
O coordenador dos sindicatos da área metalúrgica da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Ariovaldo Lunardi, afirma que discussões sobre flexibilização da jornada e do salários já vinham ocorrendo.
"A proposta é muito interessante, embora nenhuma empresa tenha manifestado oficialmente interesse em iniciar negociações", afirmou o coordenador.
Segundo Lunardi, a maioria das empresas do setor metalúrgico estão entrando em férias coletivas, mas um acordo semelhante ao das indústrias de autopeças pode ser iniciado no início do próximo ano.
Acerto final
Ontem, os negociadores do acordo entre as indústrias de autopeças e os metalúrgicos de São Paulo acertavam os últimos detalhes do texto, que deve ser assinado hoje.
A expectativa é que as empresas solicitem adesão ao acordo a partir da próxima semana.
Governo
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que "provavelmente" o acordo entre a Força Sindical e a indústria de autopeças foi o "melhor" nas circunstâncias atuais.
FHC elogiou as negociações diretas entre os patrões e empregados. "Parece muito bom que haja uma relação direta -da velha luta de sindicatos, da CUT e Força Sindical- entre empresários e trabalhadores", afirmou.


Colaborou a Sucursal de Brasília


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.