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POLÍTICA MONETÁRIA
Plano é esticar de 9 para 18 meses
Governo quer dobrar prazo de sua dívida
da Sucursal de Brasília
O secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Isac Zagury, disse
ontem que o governo quer elevar
de 9,03 para 18 meses -até o final
deste ano- o prazo médio de
vencimento da dívida pública em
títulos que está em poder do mercado financeiro. "Isso será feito
na medida do possível", disse.
Essa dívida, que atingiu R$
311,34 bilhões em dezembro, é
formada pelos títulos adquiridos
pelos investidores por meio de
leilões. A dívida mobiliária (em títulos) total do governo estava em
R$ 389,8 bilhões no final do mês
passado.
Nesse número estão incluídos
títulos emitidos sem um processo
de competição entre os investidores, como os utilizados para refinanciar dívidas estaduais. O alongamento da dívida pública é importante porque torna o governo
menos dependente do mercado
na definição das taxas de juros básicas da economia.
As taxas de juros são o instrumento número um do governo
no controle da inflação. Nos Estados Unidos, os títulos públicos
têm prazo de até 30 anos.
Ontem, o governo avançou na
estratégia de alongamento da dívida ao fazer o primeiro leilão de
compra da história recente do Tesouro.
Foi comprado R$ 1 bilhão em títulos que tinham vencimento em
2 de fevereiro, a uma taxa média
de 19,07% ao ano.
Com a compra, o governo reduz
o total de títulos que terá de rolar
(resgatar no vencimento e vender
novamente) no mês de fevereiro.
"A redução da rolagem facilita a
obtenção de taxas menores e prazos maiores", disse Zagury.
Concentração
Os meses de fevereiro e março,
segundo o secretário, concentram
uma grande quantidade de vencimentos de títulos. Em março,
vencem R$ 34 bilhões da dívida
total, ou 8,73% dessa dívida. Em
fevereiro, o governo terá de rolar
R$ 6,5 bilhões em títulos com correção cambial.
Segundo o chefe do Departamento de Mercado Aberto do
Banco Central, Eduardo Nakao, o
governo tem feito apenas a rolagem dos títulos cambiais nos últimos meses. Ainda não há previsão sobre quando esses títulos começarão a ser resgatados.
O governo se comprometeu
com o Fundo Monetário Internacional a reduzir o estoque de títulos com variação cambial. Hoje,
esse estoque representa 28,2% da
dívida em títulos leiloados.
A maior parte da dívida
(58,78%) continua indexada à taxa Selic (remuneração média dos
títulos públicos). O governo quer
ampliar o percentual da dívida
que não é indexado, ou seja, os títulos que têm sua remuneração
acertada na data de sua venda
(prefixados). Hoje, eles representam apenas 12,77% da dívida.
No próximo dia 21, o Tesouro
tentará alongar o prazo das LTNs
(Letras do Tesouro Nacional),
que são prefixadas, de seis meses
para um ano. A última emissão de
LTNs de um ano aconteceu em
julho do ano passado.
Também no final deste mês, o
governo fará o segundo leilão de
NTNs (Notas do Tesouro Nacional) indexadas ao IGP-M (Índice
Geral de Preços do Mercado).
Apesar da indexação à variação
da inflação, esses títulos têm prazo de três a sete anos, o que aumenta o prazo médio da dívida.
Com esse leilão, o governo terá
vendido R$ 2 bilhões dessas
NTNs.
Em dezembro, o estoque da dívida formada por títulos competitivos caiu R$ 11,2 bilhões porque o
governo resgatou mais títulos do
que comprou. Segundo Zagury, o
governo quis deixar mais dinheiro com o mercado por causa de
uma eventual corrida aos bancos
devido ao bug do ano 2000.
Para avaliar a quantidade de dinheiro que estará circulando pela
economia em janeiro, o BC estimou a arrecadação da Receita
neste mês em R$ 10,3 bilhões. Em
janeiro do ano passado, a Receita
arrecadou R$ 11,4 bilhões.
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