São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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POLÍTICA MONETÁRIA
Plano é esticar de 9 para 18 meses
Governo quer dobrar prazo de sua dívida

da Sucursal de Brasília

O secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Isac Zagury, disse ontem que o governo quer elevar de 9,03 para 18 meses -até o final deste ano- o prazo médio de vencimento da dívida pública em títulos que está em poder do mercado financeiro. "Isso será feito na medida do possível", disse.
Essa dívida, que atingiu R$ 311,34 bilhões em dezembro, é formada pelos títulos adquiridos pelos investidores por meio de leilões. A dívida mobiliária (em títulos) total do governo estava em R$ 389,8 bilhões no final do mês passado.
Nesse número estão incluídos títulos emitidos sem um processo de competição entre os investidores, como os utilizados para refinanciar dívidas estaduais. O alongamento da dívida pública é importante porque torna o governo menos dependente do mercado na definição das taxas de juros básicas da economia.
As taxas de juros são o instrumento número um do governo no controle da inflação. Nos Estados Unidos, os títulos públicos têm prazo de até 30 anos.
Ontem, o governo avançou na estratégia de alongamento da dívida ao fazer o primeiro leilão de compra da história recente do Tesouro.
Foi comprado R$ 1 bilhão em títulos que tinham vencimento em 2 de fevereiro, a uma taxa média de 19,07% ao ano.
Com a compra, o governo reduz o total de títulos que terá de rolar (resgatar no vencimento e vender novamente) no mês de fevereiro. "A redução da rolagem facilita a obtenção de taxas menores e prazos maiores", disse Zagury.

Concentração
Os meses de fevereiro e março, segundo o secretário, concentram uma grande quantidade de vencimentos de títulos. Em março, vencem R$ 34 bilhões da dívida total, ou 8,73% dessa dívida. Em fevereiro, o governo terá de rolar R$ 6,5 bilhões em títulos com correção cambial.
Segundo o chefe do Departamento de Mercado Aberto do Banco Central, Eduardo Nakao, o governo tem feito apenas a rolagem dos títulos cambiais nos últimos meses. Ainda não há previsão sobre quando esses títulos começarão a ser resgatados.
O governo se comprometeu com o Fundo Monetário Internacional a reduzir o estoque de títulos com variação cambial. Hoje, esse estoque representa 28,2% da dívida em títulos leiloados.
A maior parte da dívida (58,78%) continua indexada à taxa Selic (remuneração média dos títulos públicos). O governo quer ampliar o percentual da dívida que não é indexado, ou seja, os títulos que têm sua remuneração acertada na data de sua venda (prefixados). Hoje, eles representam apenas 12,77% da dívida.
No próximo dia 21, o Tesouro tentará alongar o prazo das LTNs (Letras do Tesouro Nacional), que são prefixadas, de seis meses para um ano. A última emissão de LTNs de um ano aconteceu em julho do ano passado.
Também no final deste mês, o governo fará o segundo leilão de NTNs (Notas do Tesouro Nacional) indexadas ao IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado). Apesar da indexação à variação da inflação, esses títulos têm prazo de três a sete anos, o que aumenta o prazo médio da dívida. Com esse leilão, o governo terá vendido R$ 2 bilhões dessas NTNs.
Em dezembro, o estoque da dívida formada por títulos competitivos caiu R$ 11,2 bilhões porque o governo resgatou mais títulos do que comprou. Segundo Zagury, o governo quis deixar mais dinheiro com o mercado por causa de uma eventual corrida aos bancos devido ao bug do ano 2000.
Para avaliar a quantidade de dinheiro que estará circulando pela economia em janeiro, o BC estimou a arrecadação da Receita neste mês em R$ 10,3 bilhões. Em janeiro do ano passado, a Receita arrecadou R$ 11,4 bilhões.


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