São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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Sob ameaça, Banco Central aprova plano

JOSÉLIA AGUIAR
da Redação

Ameaçada de demissão, a diretoria do Banco Central do Equador aprovou na noite de segunda-feira o plano de dolarização da economia anunciado no dia anterior pelo presidente da República, Jamil Mahuad.
O governo pretende enviar o projeto ainda nesta semana ao Congresso, que terá um prazo de 30 dias para aprová-lo. Mahuad diz que tem maioria na Casa.
Da votação de segunda-feira, não participou o presidente do Banco Central, Pablo Better, que renunciara em protesto contra o plano. Outros membros do BC equatoriano também preferiram deixar o cargo.
Modesto Correa, um dos diretores, afirmou que a proposta foi aprovada "na esperança de que possa trazer de volta produção e emprego" para o país.
O documento que será enviado ao Congresso estabelece o valor do dólar em 25 mil sucres.
A moeda local será substituída pela norte-americana. O sucre continuará a circular apenas em pequenas transações -do mesmo modo que o balboa, moeda do Panamá, que também possui uma economia dolarizada.
Após a aprovação no Congresso, o governo calcula que a primeira etapa da dolarização se estenderá por três ou quatro semanas. Os depósitos nos bancos serão transformados em dólares automaticamente. Em seguida, os equatorianos passarão a receber salários em dólar e as empresas converterão seus balanços usando a moeda norte-americana.
O ministro das Finanças, Alfredo Arízaga, afirma que a dolarização é irreversível. Ele afirma que não foi uma medida precipitada, mas sim o resultado de dois meses de estudos. Arízaga explica que há dólares suficientes para cobrir os sucres que estão em circulação. Pelos cálculos do ministro, serão recolhidos cerca de US$ 423 milhões em sucres.
A reserva líquida do país supera os US$ 553 milhões, US$ 130 milhões a mais, portanto, que todo o dinheiro em circulação. Existem ainda cerca de US$ 500 milhões em ativos que podem se converter em dinheiro no curto prazo.
Sob o efeito da aprovação do BC, o sucre abriu com ligeira alta de 0,3% no mercado de câmbio local. Operadores dizem que estão aos poucos se ajustando ao novo sistema.
Os juros do BC recuaram de 150% para 30% ao dia. Entre bancos, os empréstimos estavam sendo efetuados com juros de 25%. No dia anterior, eram de 152%.


com agências internacionais

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