São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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FINANÇAS

Mercado acena com folga ao novo governo, mas cobra austeridade

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro promete ser leniente com o governo Lula neste início. Mas com uma ressalva nada desprezível: a equipe econômica terá de provar que o discurso de austeridade monetária e fiscal se concretizará na prática.
Esse será o maior desafio ao governo no setor financeiro, que não costuma perdoar mudanças severas no receituário ortodoxo.
A primeira prova de fogo será a próxima reunião do Copom, nos dias 21 e 22 deste mês. O mercado estará atento aos sinais de compromisso com a estabilidade.
Isso não significa que espera novo aumento dos juros anuais - hoje em 25%-, mas também não há expectativa de queda da taxa.
"O mercado quer ver se o novo governo está realmente preocupado com a inflação", diz Carlos Cintra, gerente do Banco Prosper.
Isso implica não reduzir agora os juros para reativar a economia.
O manejo da dívida pública também promete dar trabalho ao novo governo. A grande dúvida do mercado é em relação aos leilões de títulos cambiais.
O governo tem duas opções. Pode começar a rolar parcialmente o total de títulos que vencem, o que ajudaria a retirar o excesso de dólar do mercado e a diminuir a parcela de 37,68% da dívida que é afetada pela variação cambial.
O risco é que o enxugamento de dólares no mercado abra espaço para sua disparada em caso de nervosismo financeiro.
A outra opção é tentar renovar 100% da dívida cambial. O diretor de política monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, anunciou na semana passada que seguirá esse caminho por enquanto.
Isso tende a evitar uma forte retirada de dólares do mercado e contribuir para que sua cotação continue caindo -o que colaboraria para o recuo da inflação.
"O BC provavelmente ainda não está confortável com o dólar nesse nível. Mas isso não quer dizer que aceitará qualquer taxa nos leilões", diz Glauco Cavalcanti, diretor do CSFB Garantia.
A vantagem do governo é que o volume de títulos que vencem no primeiro trimestre não é considerado preocupante.
"O Brasil ainda passa por um processo de ajuste estrutural. Depende da realização de reformas e de acesso ao mercado externo", afirma Nicola Tingas, economista-chefe do WestLB.



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