São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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CRISE NO AR

VarigLog e VEM foram arrematadas por US$ 72 milhões no total, US$ 10 milhões a mais do que proposta original dos dois grupos

Varig vende subsidiárias a TAP e americana

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

A Varig anunciou ontem que vendeu suas subsidiárias, VarigLog (transporte e logística) e VEM (manutenção), para o fundo americano Matlin Patterson e para a aérea portuguesa TAP, respectivamente. Ambos os investidores querem também o controle da própria companhia aérea.
"Ficou acertado o compromisso da Volo do Brasil [empresa constituída pelo Matlin Patterson] e da Aero-LB [sociedade liderada pela TAP] de participarem como importantes investidores na recuperação da companhia aérea", diz comunicado divulgado pela assessoria de imprensa da Varig.
Uma eventual aquisição ocorreria dentro do plano de recuperação da empresa, aprovado em assembléia de credores no mês passado. O plano prevê a criação de FIPs (fundos de investimento e participações), onde créditos serão transformados em ações.
O fundo e a aérea portuguesa poderiam controlar a Varig através da capitalização do chamado FIP controle, que terá como administrador um banco comercial de primeira linha e um gestor escolhido de comum acordo pelos representantes dos credores.
Ambos têm interesse em aportar valores semelhantes nesse fundo. No final deste mês, o plano de recuperação, que em linhas gerais já foi aprovado, voltará a ser submetido, dessa vez com mais detalhes, aos credores da empresa.

Subsidiárias
Segundo a companhia aérea, as duas subsidiárias foram vendidas por um total de US$ 72 milhões, US$ 10 milhões a mais do que a proposta feita no ano passado pela Aero-LB, que é uma sociedade de propósito específico liderada pela própria TAP. A Varig não informou por qual valor cada empresa foi vendida, já que TAP e Matlin Patterson fizeram uma proposta conjunta por ambas.
O fundo Matlin Patterson, que ficou com a VarigLog, criou uma empresa brasileira, a Volo do Brasil, para poder comprar a subsidiária. Isso porque a VarigLog é uma empresa aérea, que não pode ser controlada por um investidor estrangeiro, caso do Matlin.
Ambas as empresas da Varig haviam sido vendidas à Aero-LB com a condição de que outros interessados poderiam entregar propostas de compra por ambas. Se houvesse uma oferta melhor, esta seria enviada à Aero-LB, que poderia optar por fazer uma oferta melhor ou desistir.
No meio do caminho, o próprio Matlin Patterson e o grupo Docas, do empresário Nelson Tanure, fizeram propostas para cobrir a oferta da Aero-LB. A companhia aérea, então controlada pela Fundação Ruben Berta (hoje afastada do comando da Varig), escolheu a proposta do grupo Docas.
A Aero-LB, entretanto, não reconheceu a validade da proposta de Tanure, já que ela não dava garantias da origem dos recursos para comprar as subsidiárias.
A partir daí, a Aero-LB, liderada pela TAP, se uniu ao Matlin Patterson para fazer uma nova oferta, que foi considerada a mais vantajosa. A aérea, que até domingo passado estava em recuperação judicial, informou a Justiça da sua intenção de vender as subsidiárias para TAP e Matlin Patterson.

Pagamento
A Varig deve levar à audiência hoje com o juiz Robert Drain, da Corte de Nova York, garantias do pagamento da dívida de US$ 56 milhões com empresas de leasing.
Marcelo Bottini, presidente da Varig, estava ontem na cidade negociando a obtenção de recursos. "Quem precisa negociar e quer pagar tem que chegar cedo. Já temos o dinheiro", disse ele à Folha por telefone. Bottini não mencionou a origem dos recursos.
Mas a própria TAP informou que US$ 20 milhões devem sair de uma operação de troca de recebíveis com o banco JP Morgan. A Varig, entretanto, informava até as 19h de ontem que a negociação da TAP ainda estava em aberto.
Além do dinheiro da troca de recebíveis, a Varig dispõe de US$ 29 milhões gerados por fluxo de caixa. Na semana passada, Bottini disse que a Varig contava com a devolução de US$ 30 milhões pagos antecipadamente à Associação Internacional de Transporte Aéreo para quitar dívidas.
O pagamento às empresas de leasing foi acertado em dezembro entre a empresa e o juiz da Corte de Nova York, que concordou em prorrogar para amanhã a liminar que impede o arresto de até 40 aviões, desde que a empresa cumprisse um cronograma de pagamento de seus débitos.
Com a quitação, as empresas só poderão retomar os aviões no vencimento do contrato -a maioria neste ano- ou se a aérea voltar a atrasar o pagamento.


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