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CRISE NO AR
VarigLog e VEM foram arrematadas por US$ 72 milhões no total, US$ 10 milhões a mais do que proposta original dos dois grupos
Varig vende subsidiárias a TAP e americana
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE
A Varig anunciou ontem que
vendeu suas subsidiárias, VarigLog (transporte e logística) e
VEM (manutenção), para o fundo americano Matlin Patterson e
para a aérea portuguesa TAP, respectivamente. Ambos os investidores querem também o controle
da própria companhia aérea.
"Ficou acertado o compromisso
da Volo do Brasil [empresa constituída pelo Matlin Patterson] e da
Aero-LB [sociedade liderada pela
TAP] de participarem como importantes investidores na recuperação da companhia aérea", diz
comunicado divulgado pela assessoria de imprensa da Varig.
Uma eventual aquisição ocorreria dentro do plano de recuperação da empresa, aprovado em assembléia de credores no mês passado. O plano prevê a criação de
FIPs (fundos de investimento e
participações), onde créditos serão transformados em ações.
O fundo e a aérea portuguesa
poderiam controlar a Varig através da capitalização do chamado
FIP controle, que terá como administrador um banco comercial
de primeira linha e um gestor escolhido de comum acordo pelos
representantes dos credores.
Ambos têm interesse em aportar valores semelhantes nesse fundo. No final deste mês, o plano de
recuperação, que em linhas gerais
já foi aprovado, voltará a ser submetido, dessa vez com mais detalhes, aos credores da empresa.
Subsidiárias
Segundo a companhia aérea, as
duas subsidiárias foram vendidas
por um total de US$ 72 milhões,
US$ 10 milhões a mais do que a
proposta feita no ano passado pela Aero-LB, que é uma sociedade
de propósito específico liderada
pela própria TAP. A Varig não informou por qual valor cada empresa foi vendida, já que TAP e
Matlin Patterson fizeram uma
proposta conjunta por ambas.
O fundo Matlin Patterson, que
ficou com a VarigLog, criou uma
empresa brasileira, a Volo do Brasil, para poder comprar a subsidiária. Isso porque a VarigLog é
uma empresa aérea, que não pode
ser controlada por um investidor
estrangeiro, caso do Matlin.
Ambas as empresas da Varig
haviam sido vendidas à Aero-LB
com a condição de que outros interessados poderiam entregar
propostas de compra por ambas.
Se houvesse uma oferta melhor,
esta seria enviada à Aero-LB, que
poderia optar por fazer uma oferta melhor ou desistir.
No meio do caminho, o próprio
Matlin Patterson e o grupo Docas,
do empresário Nelson Tanure, fizeram propostas para cobrir a
oferta da Aero-LB. A companhia
aérea, então controlada pela Fundação Ruben Berta (hoje afastada
do comando da Varig), escolheu a
proposta do grupo Docas.
A Aero-LB, entretanto, não reconheceu a validade da proposta
de Tanure, já que ela não dava garantias da origem dos recursos
para comprar as subsidiárias.
A partir daí, a Aero-LB, liderada
pela TAP, se uniu ao Matlin Patterson para fazer uma nova oferta,
que foi considerada a mais vantajosa. A aérea, que até domingo
passado estava em recuperação
judicial, informou a Justiça da sua
intenção de vender as subsidiárias
para TAP e Matlin Patterson.
Pagamento
A Varig deve levar à audiência
hoje com o juiz Robert Drain, da
Corte de Nova York, garantias do
pagamento da dívida de US$ 56
milhões com empresas de leasing.
Marcelo Bottini, presidente da
Varig, estava ontem na cidade negociando a obtenção de recursos.
"Quem precisa negociar e quer
pagar tem que chegar cedo. Já temos o dinheiro", disse ele à Folha
por telefone. Bottini não mencionou a origem dos recursos.
Mas a própria TAP informou
que US$ 20 milhões devem sair de
uma operação de troca de recebíveis com o banco JP Morgan. A
Varig, entretanto, informava até
as 19h de ontem que a negociação
da TAP ainda estava em aberto.
Além do dinheiro da troca de
recebíveis, a Varig dispõe de US$
29 milhões gerados por fluxo de
caixa. Na semana passada, Bottini
disse que a Varig contava com a
devolução de US$ 30 milhões pagos antecipadamente à Associação Internacional de Transporte
Aéreo para quitar dívidas.
O pagamento às empresas de
leasing foi acertado em dezembro
entre a empresa e o juiz da Corte
de Nova York, que concordou em
prorrogar para amanhã a liminar
que impede o arresto de até 40
aviões, desde que a empresa cumprisse um cronograma de pagamento de seus débitos.
Com a quitação, as empresas só
poderão retomar os aviões no
vencimento do contrato -a
maioria neste ano- ou se a aérea
voltar a atrasar o pagamento.
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