São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

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Real é moeda com maior oscilação na AL

Estudo da Economática com principais moedas da região aponta volatilidade de 48% do real ante o dólar desde outubro

Sobe-e-desce excessivo do câmbio gera incertezas a investidores; corte do juro básico favorecerá queda da moeda brasileira

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo decorridos mais de três meses do acirramento da crise, em setembro passado, o real continua a ser de longe a moeda mais volátil dentre as principais da América Latina.
A consultoria Economática comparou a volatilidade do dólar americano em relação às moedas de sete países, além da do Brasil: o peso do México, o peso chileno, o peso da Colômbia, o sol novo, do Peru, o peso argentino, o bolívar da Venezuela, além do próprio dólar com relação ao euro, desde 1º de outubro de 2008 até a quinta-feira passada.
O real oscilou 48% no período. O peso mexicano ficou em segundo lugar, com 33,5% de volatilidade, seguido pelo peso chileno, com 23,4%.
A volatilidade é o desvio-padrão das oscilações diárias. Pode ser uma medida da oscilação do câmbio nesses países, como no estudo da Economática, ou de ações ou de um índice do mercado.
Quanto maior o percentual na tabela abaixo, maior a instabilidade da moeda, o sobe-e-desce no período.
"É como um eletrocardiograma, e o da moeda norte- americana no Brasil foi o mais perigoso", diz Einar Rivero, da consultoria Economática.
"É onde a incerteza é maior. Não tem relação com a rentabilidade ou a valorização do dólar, apenas o quanto oscilou", acrescenta Rivero.

Contra o real
Volatilidade é incerteza. O risco-Brasil, medido pelo índice Embi+, do banco JPMorgan, tem oscilado muito e reflete a menor confiança dos investidores globais no país.
Fechou na sexta-feira passada em 422 pontos, porém tem variado recentemente entre 380 pontos e 500 pontos.
As perspectivas são ruins para os preços de commodities num ano que começa com as economias desenvolvidas em recessão, o que também afeta a moeda brasileira.
Há várias forças a favor de um real mais fraco, segundo Paulo Sérgio Tenani, professor da Fundação Getulio Vargas.
"Há forças de curto prazo, como o diferencial de juros [da taxa no país em relação ao que o investidor receberia no exterior], que está muito apertado, quanto de longo prazo, como a conta corrente da balança comercial, que apontam para um real mais fraco", afirma Tenani. "O dólar também tem estado muito volátil em relação a outras moedas", lembra.
Com relação ao provável início do processo de queda de juros no Brasil, "o real pode ser penalizado mais do que proporcionalmente", segundo o professor da FGV.


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