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Real é moeda com maior oscilação na AL
Estudo da Economática com principais moedas da região aponta volatilidade de 48% do real ante o dólar desde outubro
Sobe-e-desce excessivo do câmbio gera incertezas a investidores; corte do juro básico favorecerá queda
da moeda brasileira
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo decorridos mais de
três meses do acirramento da
crise, em setembro passado, o
real continua a ser de longe a
moeda mais volátil dentre as
principais da América Latina.
A consultoria Economática
comparou a volatilidade do dólar americano em relação às
moedas de sete países, além da
do Brasil: o peso do México, o
peso chileno, o peso da Colômbia, o sol novo, do Peru, o peso
argentino, o bolívar da Venezuela, além do próprio dólar
com relação ao euro, desde 1º
de outubro de 2008 até a quinta-feira passada.
O real oscilou 48% no período. O peso mexicano ficou em
segundo lugar, com 33,5% de
volatilidade, seguido pelo peso
chileno, com 23,4%.
A volatilidade é o desvio-padrão das oscilações diárias. Pode ser uma medida da oscilação
do câmbio nesses países, como
no estudo da Economática, ou
de ações ou de um índice do
mercado.
Quanto maior o percentual
na tabela abaixo, maior a instabilidade da moeda, o sobe-e-desce no período.
"É como um eletrocardiograma, e o da moeda norte- americana no Brasil foi o mais perigoso", diz Einar Rivero, da consultoria Economática.
"É onde a incerteza é maior.
Não tem relação com a rentabilidade ou a valorização do dólar, apenas o quanto oscilou",
acrescenta Rivero.
Contra o real
Volatilidade é incerteza. O
risco-Brasil, medido pelo índice Embi+, do banco JPMorgan,
tem oscilado muito e reflete a
menor confiança dos investidores globais no país.
Fechou na sexta-feira passada em 422 pontos, porém tem
variado recentemente entre
380 pontos e 500 pontos.
As perspectivas são ruins para os preços de commodities
num ano que começa com as
economias desenvolvidas em
recessão, o que também afeta a
moeda brasileira.
Há várias forças a favor de
um real mais fraco, segundo
Paulo Sérgio Tenani, professor
da Fundação Getulio Vargas.
"Há forças de curto prazo, como o diferencial de juros [da taxa no país em relação ao que o
investidor receberia no exterior], que está muito apertado,
quanto de longo prazo, como a
conta corrente da balança comercial, que apontam para um
real mais fraco", afirma Tenani.
"O dólar também tem estado
muito volátil em relação a outras moedas", lembra.
Com relação ao provável início do processo de queda de juros no Brasil, "o real pode ser
penalizado mais do que proporcionalmente", segundo o
professor da FGV.
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