São Paulo, terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exército ocupa hipermercados na Venezuela

Rede Exito, uma das mais importantes do país, foi acusada de remarcar preços após anúncio da desvalorização da moeda

País tem agora duas taxas fixas de câmbio, de 2,60 bolívares fortes por dólar para produtos essenciais e de 4,30 bolívares fortes/dólar


Fernando Llano/Associated Press
Soldados armados dentro de hipermercado em Caracas no primeiro
dia útil após o anúncio da desvalorização da moeda venezuelana


FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

No primeiro dia útil da desvalorização da moeda venezuelana, o bolívar forte, militares tomaram ontem lojas da Exito, uma das mais importantes redes de hipermercados do país, acusada de remarcar preços.
O governo venezuelano determinou ontem o fechamento, por 24 horas, do hipermercado Exito localizado em área nobre de Caracas, acusado de remarcar preços de produtos eletrônicos e alimentos. Segundo relatos da imprensa, outras duas lojas da empresa, de capital franco-colombiano, sofreram intervenção no interior do país.
"Aqui, o que se quer é vender produtos velhos a preços novos", afirmou a fiscal Valentina Querales, que comandou a operação no hipermercado, à agência estatal ABN.
Já a corrida a lojas e supermercados, ocorrida ao longo do fim de semana e gerada pelo temor de um aumento generalizado de preços, não se repetiu ontem. Mas até o governo Hugo Chávez admite que a desvalorização, anunciada na sexta à noite, aumentará ainda mais a inflação venezuelana, de 25% no ano passado -a taxa mais alta da América Latina.
Em Madri, as ações da Telefónica caíram 3,19%, puxando a bolsa local para baixo, apesar de uma nota da empresa afirmando que não alterará suas "previsões de curto e médio prazo e seus objetivos de dividendos até 2012".
Ontem, uma das principais dúvidas sobre a desvalorização era se as multinacionais na Venezuela poderiam enviar dividendos às suas matrizes já autorizados, mas não realizados, na taxa antiga de 2,15 bolívares por dólares, ou se haveria um novo cálculo, com perdas.

Odebrecht
Apesar das incertezas, a principal empresa brasileira atuando na Venezuela, a construtora Odebrecht, diz que vê a desvalorização com "tranquilidade".
"A Odebrecht recebeu as mudanças com tranquilidade. Não vamos alterar a nossa forma de atuar no país. Estamos aguardando a regulamentação dos novos procedimentos, para efetuarmos as adequações necessárias às nossas operações", disse Jose Claudio Daltro, diretor administrativo e financeiro da construtora no país.
A empresa está há 17 anos no país e já passou por três desvalorizações no governo Chávez, iniciado em 1999. Atualmente, tem 14 mil funcionários diretos no país e toca grandes obras de infraestrutura, como a ampliação do metrô de Caracas.
Desde 2005 até sexta, o câmbio estava congelado em 2,15 por dólar. Com as mudanças, a Venezuela passa a ter duas taxas fixas: 2,60 bolívares fortes por dólar, para importação de alimentos e outros produtos de primeira necessidade, e 4,30 bolívares fortes por dólar, para os demais setores da economia, como veículos e eletrônicos.


Com agências internacionais

Folha Online

Leia coluna de Clóvis Rossi sobre a ação de Chávez
www.folha.com.br/100119


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Estagflação, Argentina e Venezuela
Próximo Texto: Caracas eleva plano de corte de energia a RR
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.