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Exército ocupa hipermercados na Venezuela
Rede Exito, uma das mais importantes do país, foi acusada de remarcar preços após anúncio da desvalorização da moeda
País tem agora duas taxas fixas de câmbio, de 2,60 bolívares fortes por dólar para produtos essenciais e de 4,30 bolívares fortes/dólar
Fernando Llano/Associated Press
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Soldados armados dentro de hipermercado em Caracas no primeiro
dia útil após o anúncio da desvalorização da moeda venezuelana
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
No primeiro dia útil da desvalorização da moeda venezuelana, o bolívar forte, militares
tomaram ontem lojas da Exito,
uma das mais importantes redes de hipermercados do país,
acusada de remarcar preços.
O governo venezuelano determinou ontem o fechamento,
por 24 horas, do hipermercado
Exito localizado em área nobre
de Caracas, acusado de remarcar preços de produtos eletrônicos e alimentos. Segundo relatos da imprensa, outras duas
lojas da empresa, de capital
franco-colombiano, sofreram
intervenção no interior do país.
"Aqui, o que se quer é vender
produtos velhos a preços novos", afirmou a fiscal Valentina
Querales, que comandou a operação no hipermercado, à agência estatal ABN.
Já a corrida a lojas e supermercados, ocorrida ao longo do
fim de semana e gerada pelo temor de um aumento generalizado de preços, não se repetiu
ontem. Mas até o governo Hugo
Chávez admite que a desvalorização, anunciada na sexta à
noite, aumentará ainda mais a
inflação venezuelana, de 25%
no ano passado -a taxa mais alta da América Latina.
Em Madri, as ações da Telefónica caíram 3,19%, puxando a
bolsa local para baixo, apesar
de uma nota da empresa afirmando que não alterará suas
"previsões de curto e médio
prazo e seus objetivos de dividendos até 2012".
Ontem, uma das principais
dúvidas sobre a desvalorização
era se as multinacionais na Venezuela poderiam enviar dividendos às suas matrizes já autorizados, mas não realizados,
na taxa antiga de 2,15 bolívares
por dólares, ou se haveria um
novo cálculo, com perdas.
Odebrecht
Apesar das incertezas, a principal empresa brasileira atuando na Venezuela, a construtora
Odebrecht, diz que vê a desvalorização com "tranquilidade".
"A Odebrecht recebeu as mudanças com tranquilidade. Não
vamos alterar a nossa forma de
atuar no país. Estamos aguardando a regulamentação dos
novos procedimentos, para efetuarmos as adequações necessárias às nossas operações",
disse Jose Claudio Daltro, diretor administrativo e financeiro
da construtora no país.
A empresa está há 17 anos no
país e já passou por três desvalorizações no governo Chávez,
iniciado em 1999. Atualmente,
tem 14 mil funcionários diretos
no país e toca grandes obras de
infraestrutura, como a ampliação do metrô de Caracas.
Desde 2005 até sexta, o câmbio estava congelado em 2,15
por dólar. Com as mudanças, a
Venezuela passa a ter duas taxas fixas: 2,60 bolívares fortes
por dólar, para importação de
alimentos e outros produtos de
primeira necessidade, e 4,30
bolívares fortes por dólar, para
os demais setores da economia,
como veículos e eletrônicos.
Com agências internacionais
Folha Online
Leia coluna de Clóvis Rossi sobre a ação de Chávez
www.folha.com.br/100119
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