São Paulo, terça-feira, 12 de janeiro de 2010

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Obama quer taxar bancos para reduzir deficit

Sob pressão, EUA estudam medida para deter riscos financeiros futuros e aumentar arrecadação federal

JACKIE CALMES
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deverá propor uma taxa sobre as instituições financeiras, a fim de ajudar a reduzir o deficit federal. A proposta deverá ser feita pelo presidente em fevereiro, ao anunciar seus planos orçamentários, ainda que os detalhes da medida não estejam decididos, de acordo com funcionários do governo.
A taxa sobre os bancos deve ajudar a recuperar parte do dinheiro fornecido pelos contribuintes para o auxílio ao sistema financeiro, depois de seu quase colapso no final de 2008, um esforço de resgate que contribuiu para os maiores deficit orçamentários anuais desde a Segunda Guerra Mundial.
As deliberações do governo foram reportadas na manhã de ontem pelo site "Politico", mas representantes da administração Obama não haviam escondido sua intenção de impor taxas a fim de desencorajar o comportamento de risco, por parte dos bancos, e elevar a arrecadação federal.
Com a indignação popular cada vez mais forte diante dos lucros e das generosas bonificações pagas pelos grandes bancos em um período de desemprego ainda elevado, o governo Obama está sendo pressionado, no país e no exterior, a expressar apoio a um imposto sobre transações financeiras que incidiria sobre as instituições, e a uma tributação pesada sobre a remuneração de executivos.
Mas os EUA, em um esforço liderado pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner, vêm combatendo essa ideia, argumentando que o imposto sobre as transações seria simplesmente repassado aos clientes e que seria fácil escapar a um tributo sobre os bônus.
Os 27 países da União Europeia (UE) apelaram por um imposto mundial sobre transações financeiras, em dezembro, e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, defendeu ideia semelhante em uma reunião do G20 (19 países desenvolvidos e emergentes mais a UE), em novembro, alegando que o dinheiro assim arrecadado formaria um fundo para cobrir futuros programas de ajuda. Reino Unido e França também propuseram, separadamente, novos tributos sobre remuneração dos executivos.
O desafio para o governo norte-americano é encontrar um modelo tributário alternativo que não apresente as fraquezas que as autoridades afirmam encontrar em outras ideias.
Geithner vem argumentando repetidamente que os contribuintes deveriam ser ressarcidos, e o Congresso incluiu um requerimento nesse sentido em um projeto de lei aprovado em outubro de 2008 para estabelecer o programa de ajuda financeira de US$ 700 bilhões, ainda que não tenha determinado como o dinheiro deveria ser recuperado.
Os prejuízos dos contribuintes norte-americanos provavelmente serão muito inferiores ao que se temia inicialmente; os grandes bancos começaram a restituir o dinheiro recebido durante o resgate, e com juros. O prejuízo total pode atingir os US$ 120 bilhões, estimou o Tesouro, mas a maior parte desse montante se refere não ao auxílio aos bancos, e sim à ajuda concedida às montadoras de automóveis e à gigante dos seguros AIG.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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